26 de abr. de 2010

Vacina aplicada em 1976 nos EUA protege contra gripe suína atual

As pessoas que foram imunizadas contra a pandemia de "gripe suína" de 1976 que nunca aconteceu podem ter se beneficiado da injeção, ganhando proteção contra o vírus H1N1 de 2009. Exames de sangue de médicos e de seus cônjuges mostram que os que foram vacinados em 1976 têm sinais de resistência extra contra o vírus pandêmico de 2009 e contra o H1N1 comum que circulou em 2008. "Vacinamos 45 milhões de pessoas no que foi declarado um dos maiores fiascos de saúde pública de todos os tempos, e agora estamos descobrindo que se fez realmente algum bem", disse o médico Jonathan McCullers, que encabeçou o estudo publicado na revista especializada Clinical Infectious Diseases. O trabalho, divulgado nesta sexta-feira, apoia a teoria de que diferentes cepas do vírus entram e saem de circulação num ciclo, e que tomar a vacina contra a gripe todos os anos pode proteger as pessoas contra variedades que ainda não surgiram. "Nossa pesquisa mostra que, embora a imunidade entre os vacinados de 1976 tenha diminuído um pouco, eles mostraram uma resposta imune muito mais forte contra a atual pandemia de H1N1 que outros que não receberam a vacina", disse McCullers. Todo ano, diversas cepas de gripe circulam. Os vírus tendem a sofrer mutações e mudam um pouco a cada ano, forçando os fabricantes de vacina a reformular o coquetel que compõem a imunização anualmente. Várias vezes a cada século, uma nova cepa surge e desencadeia uma pandemia. Isso aconteceu em 1918 com o H1N1, 1957 com o H2N2, e em 1968 com o H3N2. Geralmente, a cepa pandêmica se estabiliza e passa a fazer parte da mistura sazonal, o que poderá acontecer com o H1N1 de 2009. Em 1976, uma nova variedade de H1N1 surgiu numa base do Exército dos EUA e as autoridades, temendo uma pandemia, apressaram a produção de uma vacina e fizeram um esforço amplo para vacinar a população. Mas o vírus nunca chegou a se espalhar para além da base e a vacina acabou ligada a um efeito colateral raro, mas grave, chamado síndrome de Guillain Barre.
Reuters

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