A sensação de fome surge depois de um período de várias horas sem alimentação. É quando costumamos dizer coisas como "estou com um vazio no estômago", ou "minha barriga está roncando de fome".
Há séculos já se sabe que o nosso aparelho digestivo, de alguma forma, envia sinais para a área cerebral avisando sobre a falta de comida.
Algumas pessoas podem passar longas horas sem comer, sempre atarefadas, absorvidas em suas atividades, pressionadas para terminar uma tarefa, um projeto, um importante trabalho.
Nestas ocasiões o sinal do estômago pode falhar, mas o mais provável é que o cérebro esteja tão ocupado, tão ativo e tão concentrado no trabalho, que deixa de receber os sinais desesperados do estômago vazio.
O comum é que a grande maioria das pessoas acorde com certa fome e faça o café da manhã, que pode ser frugal (o mais comum em nossos hábitos alimentares) ou muito copioso (como "break-fast" dos anglo-saxões). Mas há crianças, adolescentes e adultos que afirmam "não sentir fome de manhã", que não conseguem comer nada assim que saem da cama. Nesses casos, possivelmente os sinais do estômago não estão sendo emitidos ou o sistema central já se acostumou com a idéia de que não é necessário comer nesse período do dia. Estas pessoas estão totalmente erradas sob o ponto de vista nutricional. O sistema metabólico, pela manhã, ainda está lento após horas de sono. Para que inicie os procedimentos de "queima" calórica, é necessário que o alimento chegue ao tubo digestivo.
Os sinais químicos do tubo digestivo O estômago, quando vazio por período superior a 4-5 horas passa a produzir uma substância chamada Ghrelinaque é portadora da mensagem ao cérebro: "nada chegou aqui sob forma de alimento. Por favor, ligue e ative o Centro da Fome". Habitualmente nós obedecemos a esta mensagem e sentamos à mesa para a refeição programada. No caso da pessoa não atender a "mensagem" do cérebro o teor de Ghrelina vai se elevando na circulação atingindo níveis muito elevados. Na próxima refeição, o apetite será voraz, a fome será imensa e a pessoa vai exagerar no total de calorias ingeridas. Além disso, o nível de Ghrelina muito elevado, conduz ao fato de que boa parte do alimento ingerido será transformado em gordura, isto é, em reserva calórica. Tal procedimento tem sua lógica, pois o nosso extraordinário corpo humano, após um jejum prolongado, tem a preocupação de "armazenar" energia sob forma de gordura, pois não sabe se os jejuns irão se repetir.
Sabendo-se desse mecanismo, médicos e nutricionistas concordam que o melhor é fracionar nossas refeições diárias (o conceito de comer de 3 em 3 horas tão em moda atualmente).
Na prática este sistema muito rígido pode não funcionar. O que se aconselha, portanto, é fazer o café da manhã adequado (não exagerando), comer no intervalo da manhã um copo de gelatina, alternando com queijo, peru defumado e outros alimentos protéicos. Almoçar no horário previsto, comer mais um queijo branco à tarde, jantar e uma barra de cereal à noite. Com este sistema mantém-se a Ghrelina em nível baixo e menor quantidade de gordura seria armazenada.
A importância dos impulsos químicos do intestino Quando a ciência médica já sabia tudo a respeito da Ghrelina gerada pelo estômago, vários pesquisadores notaram que algumas regiões do intestino delgado também enviavam mensagens ao cérebro. Estas substâncias químicas (PYY, GLP-1) foram denominadas de incretinas, pois, além de avisar o cérebro que teria chegado material alimentar volumoso para digerir e absorver, excitavam o pâncreas a produzir mais insulina (podendo ser úteis no diabetes). Fundamentalmente a GLP-1 excita o Centro da Saciedade fazendo com que a pessoa tenha aquela sensação de plenitude alimentar e interrompa o ato de comer. Mas é preciso saber alguns detalhes. No caso do glutão comer depressa demais a GLP-1 não é formada e não irá avisar o cérebro. Portanto muita atenção: é preciso comer devagar.
Outro ponto importante: a ingestão de doces, sorvetes, chocolates, bolachas, pão de queijo, etc., os chamados carboidratos de elevado índice glicêmico, não são estimuladores da secreção da GLP-1 e, portanto, ficar comendo "tranqueiras" o dia todo não leva à saciedade almejada. Recomenda-se, portanto, que as refeições fracionadas, entre as principais do dia a dia (café da manhã, almoço e jantar) sejam alternadas com pequenas porções de proteínas (queijos brancos, peru defumado, barras protéicas, gelatina). As proteínas são grandes estimuladoras da secreção de GLP-1 e, conseqüentemente, têm capacidade de induzir saciedade. Com maior saciedade a aderência a uma dieta hipocalórica é mais fácil e a perda do excesso de peso mais fácil de ser atingida. Experimente e comprove.
Nenhum comentário:
Postar um comentário