27 de ago. de 2008

Confie mais

Aumente a confiança nas outras pessoas e seja mais feliz “Não confie em ninguém”. É comum ouvir frases como essa nos dias atuais, e ela traduz a situação clara que muitos vivem nos relacionamentos: a falta de confiança. Seja nas relações pessoais, profissionais ou sociais, confiar em alguém se tornou algo penoso. O problema acontece também na situação contrária: algumas pessoas confiam em todo mundo e decepcionam-se, fazendo com que avaliem as relações. A confiança é um elemento essencial para fazer a humanidade funcionar. Sem ela, não há relacionamento que consiga se desenvolver. E o ato de confiar nos outros depende unicamente de cada pessoa. “A história de vida da pessoa é determinante na maneira como ela vai encarar os relacionamentos. Se teve experiências positivas, vai ver de maneira positiva. Se foram negativas, dificilmente vai confiar em alguém”, disse Alessandra Cejkinski, psicanalista da ONG NUPAS (Núcleo de Psicanálise na Ação Social).Os seres humanos guardam experiências até mesmo de antes do nascimento. A falta de confiança pode ser algo que está escondido na infância e não seja consciente para a pessoa, mas que reflete diretamente na vida. “A desconfiança só existe porque as coisas perderam o valor, tem muita gente no mundo que traiu a humanidade”, comentou Tárika, do Instituto Renascimento, de São Paulo. Necessidade de confiar Todo mundo precisa confiar em alguém para conseguir levar bem a vida. Imagine um mundo onde se acredita que todos a sua volta estão planejando alguma coisa para prejudicar você. A confiança faz parte do ser humano e precisa ser recuperada nas pessoas que a perderam. “Eu sempre parto do princípio de que o ser humano ainda confia nas pessoas. É só conseguir estabelecer que tipo de relação quer ter com o outro, de confiança ou não”, afirmou Tárika. Quem não confia sofre, porque sempre enxerga o lado negativo das pessoas e fica tenso com qualquer situação. “Pessoas perfeccionistas, por exemplo, não confiam em ninguém para um trabalho e se sobrecarregam. Isso pode resultar em erros e na tranferência de culpa para a outra pessoa, o que gera um abalo nos relacionamentos”, comentou Alessandra. Além de um benefício próprio, confiar no próximo faz bem também para aquele que recebe esse voto. “Ao confiar de forma consciente, experimenta-se essa emoção de forma recíproca, clareando e solidificando os laços afetivos que também nos livram da dúvida, que, por si só, já é um grande tormento”, explicou Lama Kalden Tulku Rinpoche, fundador do Centro Budista Djampel Pawo, em São Paulo. A chave para entender de onde vem esse sentimento é que uma grande parte das pessoas que não confia nos outros, não tem confiança em si mesmo. “Para começar estabelecer a confiança nos outros, é preciso ter esse sentimento dentro de nós e por nós”, disse Tárika. Quando você começa a enxergar os outros como seres humanos, que cometem erros, você consegue aumentar a confiança nos próximos. “É um exercício que precisa ser feito para que a confiança retorne com o tempo. Quando você conseguir, vai se sentir muito melhor”, orientou Alessandra. Confie em você Esse sentimento não é algo que se impõe, é algo que se conquista. Se você quer adquirir confiança de outras pessoas, mostre que é digno disso. Mesmo que demore a acontecer. Se o caso é o contrário e você precisa confiar mais nas pessoas, tente se cobrar menos. “Quando temos consciência de que todos os seres buscam a felicidade e que por este anseio cometem equívocos, a única forma de confiarmos plenamente nas outras pessoas é estar consciente de nossos propósitos e nunca projetá-los na vida dos outros, aceitando-os como são”, disse Lama Kalden. E, principalmente, confie em você. Se você não estabelecer esse relacionamento com o seu interior, nunca vai conseguir melhorar seus relacionamentos. Mas não precisa confiar em todo mundo. Sabendo que nós somos responsáveis por nossa própria felicidade, não investiremos confiança de forma insensata em quem, como nós, está sujeito a erros e acertos. “Sempre almejamos o melhor, embora estejamos constantemente remando em direção contrária. Quando compreendermos as nossas fraquezas e a dos outros, será permitido edificar uma confiança que não é cega, e sim fluida e natural”, disse o Lama. Avaliar se vale realmente a pena se relacionar com determinada pessoa também faz parte desse processo. “Se você confia em você, confia no seu julgamento das pessoas. E consegue perceber, com o coração, em quem você pode confiar e em quem não”, concluiu Tárika.
Thays Biasetti
Picture by Gustav Klimt

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