Na feira livre do arrebaldezinho
Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor:
- "O melhor divertimento para crianças!"
Em redor dele há um ajuntamento de menininhos pobres,
Fitando com olhos muito redodndos os grandes
[balõezinhos muito redondos.
No entanto a feira burburinha.
Vão chegando as burguesinhas pobres,
E as criadas das burguesinhas ricas,
E mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.
Os menino pobres não vêem as ervilhas tenras,
Os tomatinhos vermelhos,
Nem as frutas,
Nem nada.
Sente-se bem que para eles ali na feira os balõezinhos
[de cor são a única mercadoria útil e
[verdadeiramente indispensável.
O vendedor infatigável apregoa:
- "O melhor divertimento para as crianças!"
E em torno do homem loquaz os menininhos pobres fazem
[um círculo inamovível de desejo e espanto.
Manuel Bandeira
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