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Numerosos são os olhares que me transformam em prostituta quando passeio nas ruas onde se expôe o poder pornográfico.
A fragilização de meu pudor faz-se primeiro pelo insulto, ecoado pelos outdoors publicitários, veículos da imagem do objeto-mulher.
Esta objetivação, vitória da injúria sobre a alegria do desejo , faz-me experimentar as cisões entre o público e o privado, o sujeito e o objeto. Contra este processo de fragmentação do ser, o gesto de se recolher é necessário a muitas mulheres. Entretanto, à obscenidade e ao moralismo que me são impostos, replico com o despudor feminista , a tomada de consciência do momento do mundo, e também pela criação, onde enfim posso assumir meu corpo.
Anne Dão
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