Esta necessidade de estar só, de não sentir que te pedem seja o que for, que te separam de ti próprio. Este horror a que tenham o mínimo direito sobre ti, de que to façam sentir...
Esta evidente impertinência dos outros, quando esperam qualquer coisa, quando take for granted alguma coisa de ti. Tornas-te de súbito distante, apagas-te, ficas rígido, repeles. Incapaz de dizer uma boa palavra. Pões ponto final e afastas-te.
Rancor contra aqueles que tiveste de eliminar dessa maneira e que, por piedade, por espírito de sacrifício, tens de voltar a aceitar. A saúde interior que dão a profissão político-moral e o contacto com as massas não é diferente da que provém de qualquer ocupação, de qualquer actividade a que um homem se consagre.
Quando escreves e te entregas inteiramente à tua arte, sentes-te sereno, equilibrado, feliz.
E se tudo for apenas saúde, existir eficazmente? Que dirás no momento da morte?
Cesare Pavese
picture by Jing Sheng Zhang
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