Sentada na primeira fila da tribuna de honra do Senado, c acompanhou, ao lado dos filhos, o discurso do marido, Renan Calheiros (PMDB-AL), no qual o presidente do Senado admitiu uma relação extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso.
Em vez de chiliques esperados de mulheres traídas, Verônica abraçou Calheiros, em sinal de que a paz invadiu o seu coração e de que optou por perdoar o deslize. Com isso, entrou para a lista das publicamente expostas ao vexame de saber que o marido andou pulando a cerca - e que relevam o episódio.
Mas, afinal, dá para perdoar uma traição? “Isso vai depender da história do casal, o sentido que o casal dá para essa traição. Acreditar que o relacionamento amoroso é de cristal, ficar achando que não pode haver nenhuma rachadura, é um dos mitos do casamento”, avalia a psicoterapeuta Lídia Aratangy, autora do livro “O anel que tu me deste”. Para ela, há casais que não resistem à traição, outros resistem, seja por conveniência, lealdade, solidariedade. “Depende do significado que a traição teve para o casal. É possível superar, mas não que isso seja fácil, nem desejável”, alerta.
Como exemplo de superação, Lídia cita o filme O homem do terno cinzento, estrelado por Gregory Peck. “Eles tinham um casamento lindo, mas se descobre que durante a guerra ele teve um filho na Coréia. A mãe da criança morre, e toda a história do casal muda, pois mulher dele resolve que devem ficar com a criança. Não é indolor, mas aquele casal conseguiu superar isso.”
Na visão da psicoterapeuta Regina Navarro Lins, autora da coleção Amores Comparados e do best-seller A Cama na Varanda, uma relação extraconjugal não pode ser considerada traição. “Vai depender da forma que o casal enxerga amor e sexo. As relações extraconjugais acontecem com muita freqüência, e as pessoas vivem alimentando a ficção da exclusividade sexual. Dizer que alguém faz sexo com outra pessoa porque o casamento não vai bem é uma bobagem, não é verdade. Pode haver muito amor no casamento, muito tesão, mas as pessoas têm outros parceiros só para variar, é outro cheiro, outro toque.”
Regina adverte que o grande equívoco é fazer pacto de exclusividade. “É uma promessa impossível de cumprir. Eu diria que a imensa maioria das pessoas ou tem, ou tem vontade de ter, uma relação extraconjugal. A traição é uma coisa muito mais séria.”
Mas fazer sexo fora do casamento é considerado um pecado e tanto, que deve ser evitado. Agora...no caso de a tentação ter sido mais forte, a orientação é perdoar o pecador. Segundo Ítalo J. Passanezi Fasanella, fundador da Comunidade Católica Sagrada Família, casado há 18 anos, 4 filhos, e responsável pelo serviço de aconselhamento de casais, existe um percentual de fiéis que o procura para vencer a questão do adultério.
“O caminho que nós indicamos é o do perdão, é o caminho bíblico, não há outro. Nós acreditamos até o fim no valor da família. A traição é muito grave, é uma ofensa à instituição família, e àquilo que é sagrado, que é o sacramento do matrimônio”, diz. Mas ele avisa: até as mais graves ofensas exigem perdão mútuo. “O amor pode superar tudo, mas é preciso ter arrependimento da outra parte, para que volte a harmonia ao relacionamento. “
O Estado de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário