13 de dez. de 2007

O analista de sistemas e a engenheira



Um analista de sistemas meio introvertido finalmente conseguiu realizar o sonho da sua vida: um cruzeiro. Era a coisa mais doida que tinha feito até então. Estava começando a desfrutar da viagem quando um furacão virou o navio como se fosse uma caixa de fósforos.

O rapaz conseguiu agarrar-se a um salva-vidas e chegar a uma ilha aparentemente deserta e muito escondida. Deparou-se com uma cena belíssima: cachoeira, bananas, coqueiros... mas quase nada além disso. Ele se sentiu desesperado e completamente abandonado. Vários meses se passaram, até que um belo dia apareceu, remando, uma belíssima engenheira, daquelas de fazer parar o trânsito que começou logo uma conversa:
- Eu sou do outro lado da ilha.
Você também estava no cruzeiro?
- Estava!
Mas onde conseguiu esse bote?
- Simples eu sou engenheira e usei meus conhecimentos!

Tirei alguns galhos de árvores, sangrei umas seringueiras, defumei até virar borracha, reforcei os galhos e fiz a quilha e os remos com madeira de eucalipto.
- Mas... com que ferramentas?
- Bom, achei uma camada de material rochoso, evidentemente formado por aluviões.
Eu descobri que esquentando esse material a certa temperatura, ele assumi a uma forma muito maleável. Mas chega disso! Onde você tem vivido esse tempo todo?
Não vejo nada parecido com um teto...
- Para ser franco, eu tenho dormido na praia...
- Gostaria de ver a minha casa?
O analista de sistemas aceitou, meio sem jeito.
A engenheira remou com extrema destreza ao redor da ilha.
Quando chegou no "seu" lado, amarrou a canoa com uma corda que mais parecia uma obra-prima de artesanato. Os dois caminharam por uma passarela de pedras e madeira construída pela engenheira, e depararam, atrás de um coqueiro, com um lindo chalé construído sobre palafitas, pintado de azul e branco.
- Não é muito, disse ela, mas eu o chamo de "meu lar".
-Mas, sente-se, por favor!
- Aceita um drinque?
- Não, obrigado! Não agüento mais água de coco!
- Mas não é água de coco! Eu tenho um alambique meio rudimentar lá fora, de forma que podemos tomar Piñas coladas autênticas!
Tentando esconder a surpresa, o analista de sistemas aceitou.
Sentaram no sofá dela para conversar.
Depois de contarem suas histórias, a engenheira perguntou:
- Você sempre teve barba?
- Não. Toda a vida eu andei bem barbeado.
- Bom, se quer se barbear, tem uma navalha lá em cima, no armarinho do banheiro.
O homem já não perguntava mais nada. Subiu uma escada em caracol e foi em cima, no banheiro, e fez a barba com um complicado aparelho feito de osso e conchas, tão afiado quanto uma navalha. A seguir, tomou um bom banho, sem nem querer arriscar palpites sobre como ela tinha água quente no banheiro. Desceu sem poder deixar de se maravilhar com o acabamento do corrimão. Nosso herói continuou bebericando sua piña colada. A engenheira com um delicioso perfume de gardênias diz:
Ambos temos passado um longo tempo sem qualquer companhia.... Você não tem se sentido solitário?
Há alguma coisa de que você sente muita saudade?
Que lhe faz muita falta e da qual todos os homens e mulheres precisam?
- Mas é claro, disse ele esquecendo um pouco a sua timidez.
Tem uma coisa que venho querendo todo esse tempo. Até sonho com isso a noite.
Mas... aqui nesta ilha... sabe como é... era simplesmente impossível.
- Bom, ela disse com um sorriso maroto, já não é mais impossível, se é que você me entende...
O rapaz, tomado de uma excitação incontrolável, disse, quase sem fôlego:
- Não acredito!
Você não está querendo dizer que... você bolou um jeito de pegar os seus e-mails aqui na ilha?

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