Será que a fertilidade masculina tem data de validade?
O tic-tac do relógio biológico feminino que marca a diminuição da fertilidade e fica mais forte à medida que a mulher alcança a meia idade está profundamente arraigado na cultura popular.
No filme “O diário de Bridget Jones”, em uma das cenas Geoffrey, tio de Bridget, lembra que como mulher e profissional ela não pode “adiar para sempre”, aludindo ao declínio da sua fertilidade.
E Una, a esposa de Geoffrey entra na conversa: “tic-tac, tic-tac”, com os dedos balançando como um metrônomo. Embora seja apenas uma metáfora, o relógio biológico se refere a um fenômeno real: somente metade das mulheres com mais de 35 anos, engravida no período mais fértil do seu ciclo menstrual.
Mas será que os homens sofrem do mesmo problema?
“Para as mulheres, o relógio biológico representa um declínio da fertilidade e quanto mais idade tiverem, maior a chance de terem bebês com alguma disfunção genética”, diz Harry Fisch, diretor do Centro de Reprodução Masculina da cidade de Nova York e autor de The Male Biological Clock: The Startling News About Aging, Sexuality, and Fertility in Men. “E com os homens acontece exatamente a mesma coisa.”
Então como o fazendeiro indiano, Namu Ram Jogi, com 90 anos, teve no ano passado um filho saudável? Uma façanha como essa seria impossível para uma mulher, mesmo aos 67 anos, como Carmela Bousada, que deu a luz a gêmeos em janeiro de 2007, e não revelou sua verdadeira idade aos médicos que fizeram a fertilização in vitro. Apesar de a fertilidade masculina diminuir com os níveis de testosterona, à medida que os homens envelhecem, ela não chega a zero.
Mesmo assim, Jogi é certamente uma exceção e não a regra. Um estudo constatou que a probabilidade de homens com menos de 30 anos se tornarem pais era de 32,1% comparada com 20% entre aqueles com idade acima de 50 anos, o que representa uma queda de 28% na fertilidade masculina nessa faixa etária. Outro estudo examinou 97 homens entre 22 e 80 anos e concluiu que à medida que envelhecem, o volume de sêmen diminui em 0,03 mililitros por ano, para uma média de 2,7 mililitros, e a “contagem total de espermatozóides móveis” – um índice aproximado para avaliar o potencial de fertilidade com base na mobilidade dos espermatozóides – diminui cerca de cinco por cento a cada ano. Fisch e seus colegas também descobriram que filhos de mulheres com mais de 35 anos cujos parceiros também estavam acima dessa idade tinham mais chance de serem portadores da síndrome de Down que filhos de pais mais jovens.
Mesmo assim, Jogi é certamente uma exceção e não a regra. Um estudo constatou que a probabilidade de homens com menos de 30 anos se tornarem pais era de 32,1% comparada com 20% entre aqueles com idade acima de 50 anos, o que representa uma queda de 28% na fertilidade masculina nessa faixa etária. Outro estudo examinou 97 homens entre 22 e 80 anos e concluiu que à medida que envelhecem, o volume de sêmen diminui em 0,03 mililitros por ano, para uma média de 2,7 mililitros, e a “contagem total de espermatozóides móveis” – um índice aproximado para avaliar o potencial de fertilidade com base na mobilidade dos espermatozóides – diminui cerca de cinco por cento a cada ano. Fisch e seus colegas também descobriram que filhos de mulheres com mais de 35 anos cujos parceiros também estavam acima dessa idade tinham mais chance de serem portadores da síndrome de Down que filhos de pais mais jovens.
Em outros estudos, constatou-se que homens mais velhos tinham maior probabilidade de se tornarem pais de crianças com doenças mentais e outras deficiências. Um estudo publicado no Archives of General Psychiatry mostrou que aproximadamente 11 crianças em mil, concebidas por homens acima de 50 anos desenvolveram esquizofrenia, enquanto que menos de três crianças em mil, filhos de pais com menos de 20 anos, apresentaram a doença.
Outro resultado aponta que crianças geradas por homens com 40 anos ou mais têm seis vezes maior probabilidade de apresentar algum grau de autismo que filhos de homens com idade abaixo de 30 anos.Então o sêmen masculino envelhece com o passar do tempo? Para manter os níveis do sêmen, as chamadas células germinais devem continuar se dividindo. Afinal de contas, os homens dispõem de muitas formas de produzir esperma e uma vez ejaculados os espermatozóides só sobrevivem por alguns dias.
Por volta dos 50 anos, essas células germinais terão se dividido 840 vezes. E em cada divisão há uma chance de que algo saia errado. “Quanto mais as células se dividem, maior a probabilidade de ocorrerem anomalias genéticas,” comenta Fisch. No sêmen essas mutações disseminam genes com alterações na estrutura básica do DNA – o que pode resultar em prole com problemas.O bioengenheiro Narendra Singh, da University of Washington, em Seattle, e seus colegas compararam o sêmen de homens de diferentes idades. Sem dúvida, o sêmen de homens com mais de 35 anos apresentava mais danos no DNA que o de homens mais jovens.
Embora se saiba que espermatozóides não saudáveis cometem suicídio celular, alguns dos espermatozóides analisados tinham perdido essa capacidade “de se sacrificarem uns pelos outros” -- ou seja, eles continuam disponíveis para fertilizar óvulos. “Isso pode levar a descendentes com DNA danificado, que pode resultar em defeitos físicos e mentais,” declara Singh.
Os homens podem evitar esses danos? Não, mas eles podem atenuá-lo. Há fatores que aceleram os efeitos nocivos, como álcool, tabaco, drogas e poluição ambiental, até mesmo o consumo de café, mas que podem ser controlados. Por isso, é melhor evitá-los, recomenda Singh. Mesmo que fatores nocivos no estilo de vida sejam corrigidos, o DNA do sêmen continua se deteriorando com o envelhecimento.“A questão é, seria possível reverter o relógio biológico masculino?” pergunta Fisch, que estuda várias formas de manter o sêmen saudável.Talvez os tios de Bridget, Geoffrey e Una, também devessem ter criticado o namorado dela, Mark Darcy, por ter adiado a procriação. Aquele “tic-tac, tic-tac”, ao que tudo indica, se aplica aos dois sexos.
Anne Casselman
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