23 de set. de 2008

Este será o verão do sexto sentido

Até que enfim compreendemos que no futuro, o luxo será o tempo livre e sobretudo, a qualidade de vida que conseguiremos conquistar: a passagem repentina do fast-food ao show-food reforça este caminho, que faz do tempo livre um projeto de vida. Assim, quando se aproxima o verão, delineia-se a idéia de férias ideais, projetadas para o prazer pessoal. Um pedacinho de paraíso. O tempo das novas férias se coloca no centro de uma revolução ética e estética na qual a harmonia, o gesto, o prazer narrativo e a cura assinalam uma profunda mudança de paradigma, aproximando-se das grandes culturas asiáticas, que influenciam também os países ocidentais. Uma reviravolta cultural e do “imaginário”. E, a guiar essa transformação, não temos o Far East (a China ou o Japão), mas a Ásia Central e as comunidades budistas.
A Tailândia, por exemplo, é hoje um país que, com originalidade e frescor, se destaca sobre o palco das férias globais, finalmente longe do estereótipo de aventura só para homens. Algumas características (a total compenetração da cultura budista, a centralidade da experiência sensorial, a elevada qualidade artesanal da produção, a variedade concentrada das próprias expressões estéticas, a profunda vocação para o serviço), tornam bastante provável seu futuro na balança estética do panorama asiático do turismo, como alternativa ao super-poder econômico da China e da Índia.
Em particular, a componente feminina (e uma classe de jovens mulheres emergentes nas dimensões artística, cultural, empreendedora) parece marcar a cultura desse país, mostrando-se sempre mais afinada com as exigências avançadas de um turismo que premia de modo refinado o encontro entre Oriente e Ocidente.
Abrir, nas próprias férias, espaço à percepção significa trabalhar a estética como instrumento dos sentidos. O mundo feminino e o asiático têm um traço comum: a capacidade de construir experiências vitais (e interpretações do mundo) partindo da sensibilidade intuitiva. O verão que chega será então sobre o signo do Sexto Sentido.
O reservatório étnico e exótico, que constitui hoje a própria base do sonho de férias, mostra-se um verdadeiro laboratório cultural em busca de equilíbrio sensorial mágico, como contraponto à vida frenética. Bankok, por exemplo, encarna hoje as características de uma nova cultura internacional de toque exótico, um estilo que foi definido Contemporary Thai e que se respira mesmo nos lugares de encontro como o Met Bar, no Hotel Metropolitan, a H Gallery, o concept store- lojas conceitos, considerados os Colette tailandês: Playground! e Soi Tonglor. A atitude perceptiva e sensorial assinala, portanto, o horizonte das estéticas avançadas, cada vez mais em busca de novos equilíbrios e harmonias naturais.
Os valores e os comportamentos que seguiremos em nossas férias retomarão linguagens e códigos estéticos inéditos, como em Citizen Dog, filme tailandês apresentado nos festivais de Londres e Locarno: uma mediação entre o cartoon e a fábula, com escolhas estéticas muito sugestivas. A partir deste exemplo, afirmamos com certeza que Sexto Sentido e fantasia deverão encontrar espaço também durante as férias. A este propósito, aqui vão alguns conselhos práticos. 1. Será necessário construir as férias sobre a estética das percepções: o mundo da cosmética, da cura, da saúde se tornam reservatórios de inspirações para um novo turismo. Se se quer valorizar o Sexto Sentido em um ambiente novo e estimulante, convém escolher um dos muitos spas que, na Ásia, conciliam o refinado acolhimento com os tratamentos mais avançados: de massagens aromáticas às terapias ayurvédicas. Cada vez mais freqüentemente no Ocidente é possível fazer o mesmo: em Londres, no Day Spa Elemis é possível receber tratamentos étnicos em diversos quartos dedicados ao Marrocos, à Bali, ou mesmo à Tailândia.
2. Aproveitemos do verão para aprofundar o grande tema das nuances e das misturas, partindo de mundos de inspiração cromática que propõem toques de cor, com uma atenção particular ao mundo orgânico e vegetal: uma observação atenta da natureza e das suas maravilhas escondidas é uma possibilidade a não se perder na experiência de verão que nos espera. Os passeios na montanha representam, por exemplo, uma extraordinária oportunidade para mergulhar na natureza e observar a vida que nos cerca, de flores a borboletas. Os cursos de bird-watching – observação de pássaros,organizados pela cadeia francesa Nature et Decouvertes são um bom exemplo.
3. Será importante partir do conhecimento da cultura local que encontraremos em nossas viagens de verão para selecionar temas de inspiração que nos ajudarão no resto do ano. Reconhecer, por exemplo, as técnicas artesanais, apreciando a criatividade do saber fazer, perseguindo um novo romantismo de toque exótico. A paixão pelos produtos e materiais que encontrarmos em nossas viagens nos permitirá assim, enriquecer a decoração das nossas casas com “objetos felizes”, todos cheios de histórias a serem contadas, que nos relembrarão o tempo despreocupado das férias. Uma leitura aconselhada? Todos os livros de Bruce Chatwin – que não por acaso trabalhava em uma casa de leilão – repletos destas referências.
Francesco Morace

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