27 de nov. de 2008

Na zona de conforto

Não é difícil estabelecer paralelos entre o "jazzista" e o profissional de gestão da Tecnologia da Informação. Percebe-se que ambos tendem a se apoiar em arranjos bem sucedidos no passado ou em repetir ações executadas anteriormente, que são comuns diante dos riscos que a inovação e o improviso representam. No jazz, músicos que dominam as estruturas básicas correm o risco de permanecer na zona de conforto e repetir padrões conhecidos, ao invés de inovar. Trata-se da armadilha da competência: especialmente em momentos de turbulência há uma tendência de recorrer às respostas habituais, gerando um obstáculo ao questionamento de suposições ou ao surgimento de uma nova perspectiva. Segundo dados divulgados pela Firjan, extraídos do Fashion Business realizado no Rio: "…um quilo de algodão vale US$ 1,21, um quilo de tecido de algodão vale US$ 4,40 (matéria prima) e um quilo de roupa 100% algodão vale US$ 14,40 (produto). Um quilo de moda praia de algodão (sem ser de grife famosa), sai por US$ 50 (valor intangível)". Através da visão tradicional de uma linha de produção, idealizada no início do século passado por Taylor e consagrada através da linha de produção, adotada por Ford, conseguimos facilmente entender o custo da matéria, de todo o ciclo produtivo até chegar ao produto final, que é o seu valor como produto. Isso é mensurável e passível de ser contabilizado através dos métodos tradicionais, apresentando resultados no balanço, deixando satisfeitos e seguros todos os envolvidos no processo. A questão que fica é: como efetuar o "salto quântico" para o patamar do valor seguinte que é intangível? Como um CIO expressaria esta questão à Assembléia de Acionistas?Recentemente foi publicado um artigo com o título "Um em cada três projetos de TI não atinge objetivos, diz estudo da Tata Consultancy Services". Neste artigo também está declarado como resultado da pesquisa que: "… 43% dos gestores de TI dizem que os gerentes e diretores de suas organizações aceitam problemas nos projetos da área como mal necessário". Certamente que esta cultura instaurada nos leva a imaginar que os gestores estão aptos a considerar o erro como fonte de aprendizagem. Outro detalhe é que o custo do insucesso de um em cada três projetos de TIC é tangível, sendo contabilizado no intervalo compreendido entre o custo da matéria prima e o custo do produto. Até quando? Sabemos que chegamos ao momento de transição e já passamos da conscientização.
Jorge Castro
Picture by Kim Molinero

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