18 de ago. de 2009

Cabeça de líder

Mas poucos são os que conseguem fugir do lugar comum do binômio “conhecimentos técnicos – habilidades interpessoais” quando resolvem fazer um upgrade em suas qualificações. Muito tempo e dinheiro são investidos no aprendizado de sofisticadas tecnologias, que se tornam perecíveis a uma velocidade inimaginável. E em um arsenal de truques de relacionamento que nem sempre são aplicáveis no duro cotidiano empresarial. Aumenta o descompasso entre o que as empresas de fato necessitam e as competências que os profissionais percebem que precisam passar a ter. Competências genéricas como: técnicas de planejamento, administração do tempo, liderança de reuniões, comunicações, trabalho em equipe etc.. Todas são necessárias, mas não são mais suficientes. Servem para, no máximo, transformar os participantes em gerentes ou chefes mais eficientes. Enquanto as empresas necessitam de líderes eficazes, não apenas de pessoas apetrechadas com as novidades tecnológicas ou motivacionais. Por que? A resposta reside no fato que a maioria das empresas, em quase todos os ramos de atividade, estão ampliando sua capilaridade. A competitividade futura será cada vez mais um reflexo da sua capacidade de identificar e formar líderes em todos os níveis, não apenas no topo. Precisam deles para estar mais próximas de seus clientes, para influenciar seus canais de suprimentos, para se relacionar melhor com as comunidades onde operam e para tornar lucrativas as unidades de negócios e linhas de produtos. Uma das competências que melhor distinguirá se você é um líder eficaz ou um eficiente gerente será a sua capacidade de inspirar pessoas pelos valores, não apenas pelo poder do seu cargo ou pelo seu eventual carisma. Os modelos de liderança baseados apenas no poder hierárquico ou no carisma estão com os dias contados. Sabemos que “saco vazio não fica em pé” durante muito tempo. E as empresas precisam de líderes com conteúdo. Mas um conteúdo diferente. Não apenas de uma bagagem de conhecimentos sobre o negócio, o mercado e a tecnologia da empresa. Trata-se de um conteúdo intangível, que se traduz em valores capazes de alinhar um grupo de pessoas em torno de uma causa que os apaixone. Inspirar pelos valores será a tarefa mais importante dos líderes diferenciados. Será a “cola” que une as outras forças do líder, a que dá sentido a tudo. O líder inspirador compreende que o critério do sucesso não é apenas o resultado, mas também a forma como o resultado é obtido. E como o resultado é utilizado. Constrói um código de conduta junto com os membros dos grupos dos quais faz parte, em torno de valores que são explicitados, disseminados e praticados. Constrói uma cultura aceita e compromissada. Numa empresa, a cultura é a forma pela qual as decisões são tomadas, como se dá a comunicação interna, os conflitos são tratados, a criatividade é ou não estimulada. A cultura de uma empresa é o ativo intangível que não aparece nos balanços. Pode ser também o passivo, dependendo de como seus membros se comportam. Numa família, a cultura é o conjunto regras de convivência que se estabelece. O líder inspirador cria clima de ética, integridade, confiança, respeito pelo outro, transparência, aprendizado contínuo, inovação, proatividade, paixão, humildade, inteligência emocional. Cultiva a capacidade de servir clientes, fornecedores, comunidades, parceiros, ao liderado. Coerente, serve de modelo sobretudo pela sua conduta. Pratica os valores que defende, não apenas quando está no exercício do seu papel formal de líder. Assim o faz 24 horas por dia: em casa, no clube, na rua, na fila do cinema, no check-in do aeroporto, ao procurar uma vaga para estacionar o carro em um shopping center. Reflita sobre a hipótese que talvez o seu verdadeiro mapa de competências, que aumentará sua empregabilidade, não esteja apenas nas novas tecnologias que precisa dominar. Talvez esteja nos valores, atitudes e posturas que você precise consolidar, adquirir e eliminar. Talvez assim, você esteja apto a inspirar outros pelos valores e a educar outros não apenas pelo discurso, mas pelo exemplo. Essa a competência intangível que as empresas buscam quando caçam talentos no mercado. César Souza
Pictures by Juan Gris

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