Atraídos pela promessa de receberem alforria, escravos africanos e crioulos engrossaram as fileiras do exército rebelde durante a Guerra dos Farrapos, movimento republicano contrário ao governo imperial que ocorreu entre 1835 e 1845 no Sul do país.
Mas a liberdade concedida a alguns deles não foi duradoura, segundo estudo realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa, apresentada no Seminário Internacional o Século 19 e as Novas Fronteiras da Escravidão e da Liberdade, realizado na semana passada no Rio de Janeiro, aponta a fragilidade da alforria dada a alguns escravos que se alistaram para lutar na Guerra dos Farrapos. Mas esse ainda é um ponto controverso entre os historiadores. Segundo a historiadora Daniela Carvalho, autora do estudo, conseguir a tão sonhada liberdade não tornava esses homens necessariamente livres para sempre: negros e crioulos forros podiam retornar ao domínio de seu senhor.
“Há indícios de que muitos destes soldados não obtiveram a prometida liberdade, tendo sido remetidos a instituições do Império na corte e, possivelmente, re-escravizados”, conta. Além da estabilidade da liberdade concedida aos escravos durante a Guerra dos Farrapos, a pesquisadora analisou as expectativas e escolhas desses homens na época. “A trajetória deles parece ser mais um dos caminhos possíveis para entendermos a dinâmica e os projetos em busca de liberdade no Brasil escravista”, diz Carvalho. Quatro breves biografias
Para a pesquisa, a historiadora investigou a vida de quatro cativos no período entre 1830 e 1850 – cinco anos antes e cinco anos depois da Revolução Farroupilha. O recuo foi necessário para acompanhar o processo de recrutamento desses homens. O número de biografias analisadas pode aumentar à medida que o estudo avance. Segundo estimativas do exército imperial, os escravos chegavam a compor cerca de um terço do exército farrapo. Apesar de a pesquisa estar ainda em fase inicial, Carvalho já observou que as expectativas dos escravos estavam relacionadas ao discurso político dos rebeldes sulistas, que lutavam em prol de ideais como liberalismo, autonomia e estabelecimento de uma federação na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Por isso, a historiadora quer saber como a elite lidou, ao fim do conflito, com esses escravos que tinham experimentado certa liberdade, tiveram contato com ideias revolucionárias e estavam conscientes da importância da sua participação nos esforços de guerra. Carvalho pretende ainda analisar outras questões surgidas durante o levantamento de dados, como a forma com que os escravos se aproveitaram do contexto da guerra a fim de alcançar a alforria. O Seminário Internacional o Século 19 e as Novas Fronteiras da Escravidão e da Liberdade foi realizado entre os dias 10 e 14 de agosto na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e na Universidade Severino Sombra.
Raquel Oliveira
Mas a liberdade concedida a alguns deles não foi duradoura, segundo estudo realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa, apresentada no Seminário Internacional o Século 19 e as Novas Fronteiras da Escravidão e da Liberdade, realizado na semana passada no Rio de Janeiro, aponta a fragilidade da alforria dada a alguns escravos que se alistaram para lutar na Guerra dos Farrapos. Mas esse ainda é um ponto controverso entre os historiadores. Segundo a historiadora Daniela Carvalho, autora do estudo, conseguir a tão sonhada liberdade não tornava esses homens necessariamente livres para sempre: negros e crioulos forros podiam retornar ao domínio de seu senhor.
“Há indícios de que muitos destes soldados não obtiveram a prometida liberdade, tendo sido remetidos a instituições do Império na corte e, possivelmente, re-escravizados”, conta. Além da estabilidade da liberdade concedida aos escravos durante a Guerra dos Farrapos, a pesquisadora analisou as expectativas e escolhas desses homens na época. “A trajetória deles parece ser mais um dos caminhos possíveis para entendermos a dinâmica e os projetos em busca de liberdade no Brasil escravista”, diz Carvalho. Quatro breves biografias
Para a pesquisa, a historiadora investigou a vida de quatro cativos no período entre 1830 e 1850 – cinco anos antes e cinco anos depois da Revolução Farroupilha. O recuo foi necessário para acompanhar o processo de recrutamento desses homens. O número de biografias analisadas pode aumentar à medida que o estudo avance. Segundo estimativas do exército imperial, os escravos chegavam a compor cerca de um terço do exército farrapo. Apesar de a pesquisa estar ainda em fase inicial, Carvalho já observou que as expectativas dos escravos estavam relacionadas ao discurso político dos rebeldes sulistas, que lutavam em prol de ideais como liberalismo, autonomia e estabelecimento de uma federação na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Por isso, a historiadora quer saber como a elite lidou, ao fim do conflito, com esses escravos que tinham experimentado certa liberdade, tiveram contato com ideias revolucionárias e estavam conscientes da importância da sua participação nos esforços de guerra. Carvalho pretende ainda analisar outras questões surgidas durante o levantamento de dados, como a forma com que os escravos se aproveitaram do contexto da guerra a fim de alcançar a alforria. O Seminário Internacional o Século 19 e as Novas Fronteiras da Escravidão e da Liberdade foi realizado entre os dias 10 e 14 de agosto na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e na Universidade Severino Sombra.
Raquel Oliveira
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