26 de ago. de 2009

Fazer muitas coisas ao mesmo tempo pode atrapalhar o cérebro

As pessoas que costumam fazer muitas coisas ao mesmo tempo são as piores em fazer muitas coisas ao mesmo tempo.
Esta é a surpreendente conclusão de pesquisadores da Universidade Stanford, que determinaram que os chamados multitaskers - pessoas que habitualmente se dedicam a mais de uma tarefa ao mesmo tempo - distraem-se com grande facilidade e são menos hábeis em ignorar informações irrelevantes do que pessoas que só concentram tarefas ocasionalmente. "A grande descoberta é, quanto mais mídias as pessoas usam, piores elas são ao utilizar qualquer mídia. Ficamos totalmente chocados", disse Clifford Nass, professor do Departamento de Comunicação de Stanford. Os pesquisadores estudaram 262 estudantes universitários, dividindo-os em grupos de alta concentração de tarefas e baixa concentração, e comparando coisas como memória, capacidade de passar de uma tarefa para a outra e capacidade de focalizar na tarefa imediata. As descobertas são descritas no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences. Quando essas capacidades básicas foram mensuradas, as pessoas que mantinham uma grande concentração de tarefas, ou multitasking, não obtiveram uma pontuação tão boa quanto os demais, disse Nass. Continua sem resposta a questão de por que as pessoas que são menos capazes de realizar várias tarefas bem são, ao mesmo tempo, as que mais tentam fazê-lo. "É o multitasking que faz com que sejam péssimos multitaskers, ou é porque são péssimos multitaskers que tentam fazer tanto multitasking?", pergunta-se Nass. "É inato ou adquirido?" Numa sociedade que aprece encorajar cada vez mais o acúmulo de tarefas, a descoberta tem implicações importantes, disse Nass. O multitasking já leva a culpa por diversos acidentes automobilísticos e há leis, por exemplo, proibindo falar ao telefone e dirigir ao mesmo tempo. Advogados ou publicitários podem tentar usar informação irrelevante para distrair as pessoas e mudar o foco de suas decisões. Para testar a capacidade de ignorar dados irrelevantes, os pesquisadores mostraram aos estudantes um grupo de retângulos azuis e vermelhos, apagando-os e trazendo-os de volta, com a questão: será que algum dos retângulos vermelhos mudou de lugar? O teste exigia que se ignorassem os retângulos azuis. Os pesquisadores imaginaram que as pessoas que acumulam muitas tarefas se sairiam melhor nisso. "Mas não. Saíram-se pior. Muito pior", disse Nass. "Eles não eram capazes de ignorar coisas desimportantes. Eles adoram coisas desimportantes". Associated Press

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