25 de set. de 2009

Ode a beleza

Tu não sabes que és bonita... Nunca te disseram, nunca percebeste.
Não sabes o quanto és, nem quanto tens.
Tu não sabes que és bonita... Escrevo porque não tenho a coragem de falar. Escrevo como se marcasse em ti e para ti o belo que és – a beleza que tens. Não tenho coragem porque temo que me interpretes mal, que julgues que te vejo como os outros te vêem, que penses que sou como todos os restantes, que apenas dizem o que querem para conseguir o que desejam... Quer-se o que se deseja.
Deseja-se o que se quer.
O querer é imediato e necessário, o desejo é apenas um desejo, um sonho que se quer.
Um querer muito o sonho que se tem. Se eu te quero? Se eu te desejo? Sim... Gostava de poder olhar para ti sempre que me apetecesse, de poder descobrir as expressões únicas que me farias.
Gostava de passar a mão pela tua face branca ou pelos teus cabelos brilhantes, todos os dias... E de te dizer que és bonita. Só para ficares a saber. A tua beleza não é o que julgas não ter, a tua beleza é o que desejo em ti. É um olhar sobressaltado, uma expressão gentil, um gesto meigo. É uma mão na face, uma palavra sincera, um canto feito em frases banais. É um movimento redondo, uma forma atrevida. É um leve suspiro, um dócil chamamento de anjos impuros. É um morder o lábio num tique estranho. É uma brancura da tua pele macia, é um toque suave no teu corpo quente. É um querer desejar, é um desejo que se quer. É um sorriso glorioso, simples e honesto. É um arrepio inesperado. Um beijo. Um desejo. Tu e o meu desejo. Tu e o teu desejo. Picture by René Magritte

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