Uma equipe de pesquisadores espanhóis desenvolveu um chip capaz de monitorar a atividade de milhares de genes e enzimas simultaneamente, um dispositivo que servirá para o diagnóstico e o tratamento de doenças como o câncer.
A partir da síntese de 2,5 mil moléculas, o dispositivo fornece uma visão em tempo real do metabolismo de qualquer célula ou organismo vivo e consegue estabelecer o atlas metabólico e diferenciar por meio da impressão digital metabólica cada amostra analisada.
Publicada na revista "Science", a pesquisa elaborada ao longo de cinco anos foi coordenada pel cientista do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) Manuel Ferrer, em colaboração com cientistas do Centro Nacional de Biotecnologia e a Universidade de Oviedo, na Espanha, além dos laboratórios da Alemanha, Itália e Reino Unido.
O metabolismo é o conjunto de milhares de reações bioquímicas interrelacionadas em processos físico-químicos que ocorrem em uma célula ou conjunto de células.
Estes complexos processos inter-relacionados são a base da vida nas moléculas e permitem as diversas atividades das células: crescer, reproduzir-se e manter suas estruturas.
A comunidade científica estima que quando alguma destas funções é danificada, ocorrem alterações transitórias ou permanentes que afetam o metabolismo celular, podendo originar doenças como o câncer.
Um organismo contém entre 1 mil e 5 mil reações bioquímicas.
Por isso, segundo os autores do estudo, avaliar a presença ou ausência das mesmas é quase impossível mediante os métodos de análise convencionais usados até o momento.
O novo chip oferece uma "oportunidade sem precedentes já que pode monitorar a atividade de milhares de genes e enzimas simultaneamente", afirmam seus criadores.
"É possível diferenciar células normais das que foram danificadas", apontou Ferrer.
Para desenvolver o dispositivo, os pesquisadores sintetizaram 2,5 mil moléculas, que constituem os substratos iniciais, finais e intermédios da grande maioria das reações biológicas conhecidas em organismos vivos.
Depois, depositaram as moléculas em um chip e acrescentaram sobre as mesmas um extrato de proteínas com o qual se pode estudar a presença ou ausência de reações biológicas a partir da emissão de uma sonda fluorescente.
Segundo Ferrer, "ainda é cedo para prever o potencial do chip, mas como pode analisar qualquer tipo de célula humana sem a necessidade de conhecer seu genoma, será de grande ajuda para futuros diagnósticos e no tratamento de doenças".
O estudo abre também novas expectativas na identificação de enzimas terapêuticas para o tratamento de bactérias patógenas causadoras de doenças infecciosas, assim como para identificar alterações metabólicas causadoras, por exemplo, do câncer.
EFE
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