6 de fev. de 2010

Rico de verdade


Há quem fature bilhões e mantenha-se modesto em seus hábitos e escolhas, socialmente bem ajustado e continue mortal como qualquer um. 


Warren Buffet, Samuel Klein, Elie Horn são exemplos disso. Ricos de verdade não precisam aparecer! 


Surpreendentes são uns “empresariozinhos” de nada que ganham pouco mais que simples executivos à frente de negócios que sobrevivem de sonegação de impostos e exploração de mão-de-obra, achando-se deuses. 


Ou também aqueles outros que um dia subiram ao paraíso do poder financeiro e de lá caíram destroçados – são eles: o Sr Fulano que teve uma grande companhia, até que um plano econômico varreu tudo para o ralo; o Sr Sicrano que torrou milhões na bolsa tentando alavancagens e só ficou o susto; o Sr Beltrano que herdou um império de pais e avós e o viu evaporar por não ter competência em mantê-lo ou fazê-lo crescer, etc. 


Hoje convivem com a ânsia de serem respeitados. Recorrem a colunas sociais e ao Efeito Denorex: “Parece, mas não é”. Isto vira doença. E tem nome. É a megalomania. No dicionário: “supervaloração mórbida de si mesmo; predileção pelo grandioso ou majestoso”. É coisa brava. Consta na lista de transtornos psicológicos. O indivíduo acometido tem ilusões de grandeza e poder, vive a obsessão de realizar feitos que não lhe são possíveis executar. Por isso, eles tendem a ver-se como dominadores autosuficientes. Mas é só ilusão. Os poucos que os veneram só o fazem com vistas a obter vantagens. Eles são pessoas fora de órbita e que dificilmente encontram o trilho da vida normal. 


Vivem seus dias no chamado “limbo social”: têm gostos de ricos e preferências de ricos, mas saldo bancário de catador de lixão. Isto lhes impõe um sofrimento implacável que resulta em desvios sociais e psicológicos. Por sua vez, prosseguem em seus happy hours bebendo e comendo o que há de melhor, discutindo fórmulas de como fazer milhões e falando mal de quem trabalha. São invejosos e cobiçosos. Após satisfazerem suas frustrações e cupidez com palavras e piadinhas, resta-lhes insistir em pagar a conta – outra forma de preponderância, crucial nesta hora. Assim que o fazem, dão início a um novo drama: onde e como cobrir o saldo negativo no dia seguinte. Dinheiro é energia pura. Uns ganham enquanto outros perdem. 


O dinheiro “gira”. Vê-lo como resultado da ciência de ganhá-lo é um equívoco. Ganhos reais envolvem contabilidades que a HP-12C não calcula – contabilidades que superam o esforço ou a inteligência. Mas envolve postura, comportamento, atitude, compreensão do bem e do mal. Não só cifrões ou algarismos. Aparência custa caro demais para qualquer um. Tenho um amigo que diz: “Enquanto o quebrado não reconhecer seu real status e romper com o ciclo de gastos que mantêm a aparência, seu rombo e queda não cessam até que chegue ao fundo do poço. 


Só consciente disso é que será capaz de evitar a falência total e dar a volta por cima”. Conta-se que um sujeito era tão megalomaníaco que, durante uma entrevista, quando o repórter lhe perguntou “ Se o senhor fosse Deus, o que faria?”, ele respondeu: “Como assim se eu fosse?”. Bom e doce é ganhar o pão com suor e paz, reclinar a cabeça no travesseiro e repousar com tranquilidade. Se você deseja ter alguma coisa na vida sem que seja necessário dar satisfações a alguém, se não à Receita Federal, fuja de aparências. Só mentecaptos e desequilibrados precisam disto! 
Abraham Shapiro

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