19 de out. de 2010

Em busca da beleza

Soam vãos, dolorido epicurista, Os versos teus, que a minha dor despreza; Já tive a alma sem descrença presa Desse teu sonho, que perturba a vista. Da Perfeição segui em vã conquista, Mas vi depressa, já sem a alma acesa, Que a própria idéia em nós dessa beleza Um infinito de nós mesmos dista. Nem à nossa alma definir podemos A Perfeição em cuja estrada a vida, Achando-a intérmina, a chorar perdemos. O mar tem fim, o céu talvez o tenha, Mas não a ânsia da Coisa indefinida Que o ser indefinida faz tamanha. Fernando Pessoa

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