É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome,
o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia
carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser
como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.
Cecília Meireles
2 comentários:
mas se esquecermos de nós como lembraremos dos outros e das coisas que nos rodeam...?!!
Obrigada por lembrar.
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