28 de mai. de 2013

É preciso não esquecer nada

É preciso não esquecer nada: 
nem a torneira aberta nem o fogo aceso, 
nem o sorriso para os infelizes 
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova borboleta nem o céu de sempre. 
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, 
o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso. 
O que é preciso esquecer é o dia
carregado de atos, 
a idéia de recompensa e de glória. 
O que é preciso é ser
como se já não fôssemos, 
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
 pois o resto não nos pertence. 
Cecília Meireles

2 comentários:

Wagner Bezerra disse...

mas se esquecermos de nós como lembraremos dos outros e das coisas que nos rodeam...?!!

Anônimo disse...

Obrigada por lembrar.

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