22 de ago. de 2013

A dimensão de Deus

Joan Miró
Em uma grande imensidão o planeta Terra move-se compassado e constante e a matéria vibra nas mais diversificadas expressões.

É muito interessante observar que a harmonia existente em todo o mecanismo do universo apresenta combinações e desígnios determinados, o que revela a existência de um poder inteligente por trás de tudo. Analise comigo, é algo bonito de se pensar. Algo gerou movimento e forneceu o primeiro impulso vibratório do universo.

Isso é óbvio e bem tranquilo, e não há o que se discutir. O universo não poderia ter originado a si mesmo. Está certo que sabemos que a energia faz movimento, todavia a matéria não tem características de espontaneidade. Uma das coisas que aprendemos na física é que não existe efeito sem causa. Logo, o próprio universo apresenta uma causa, afinal, não tem como nós atribuirmos a formação inicial do universo ao acaso. Isso seria algo muito insensato. O acaso não pode, de forma alguma, produzir os efeitos que a inteligência produz.

Onde queremos chegar neste início? No início de tudo, que é Deus. Naquele ponto em que duvidar da existência de Deus é o mesmo que negar que todo efeito apresenta uma causa. Ora, ora, nenhum homem de bom senso pode considerar o acaso como sendo um ser inteligente. Não tem jeito. Afinal, o acaso não é nada, e não acreditar em Deus é acreditar que o nada possa fazer algo.

E um acaso inteligente, por outro lado, já deixaria de ser acaso. Sendo assim, não podendo nenhum ser humano criar o que a natureza produz, a causa inicial é uma inteligência superior à humanidade. Procurando pela causa de tudo que não é obra do homem, a razão por si só dirá acerca da prova da existência de Deus. Porque não sendo possível o universo ter criado a si mesmo, e não podendo ser obra do acaso, há de ser obra dele. E se o poder de uma inteligência é julgado pelas obras, e se pelas obras se conhece o autor, basta ver a obra e procurar pelo autor. A própria inteligência humana tem uma causa.

Essa coisa de ateísmo ou de incredulidade absoluta no fundo não existe. Não passa de conversa e de mero jogo de palavras. É que no íntimo todos os espíritos se identificam com a ideia de Deus. Trata-se de algo inato, como é inato o instinto de preservação. Nós já renascemos trazendo conosco essa ideia da concepção divina, já existe em cada um de nós esse sentimento instintivo da essência de Deus. Esse sentimento íntimo que trazemos acerca da existência de Deus não pode ser fruto da educação, pois se assim fosse não existiria nos selvagens, como existe. E se esse sentimento da existência de um ser supremo fosse tão somente produto de um ensinamento, ele com certeza não seria universal como é, e não existiria senão naqueles que houvessem podido receber esse ensino, conforme se dá com as noções científicas. 

Deus é amor absoluto, ao passo que nós somos o amor em crescimento. Ele constitui a perfeição suprema, enquanto nós estamos matriculados, ainda, na escola viva do "sede perfeitos". Ele é a inteligência suprema e nós somos os princípios inteligentes em desenvolvimento. Então, tem uma coisa interessante: à medida que vai se abrindo a nossa linha de abrangência perceptiva a nossa proposta acerca da perfeição se amplia, porque ela sempre está limitada à concepção que nós temos de Deus, dentro da nossa ótica. Não é isso?

O conhecimento e a identificação com o criador será atingida e sentida pela humanidade. Nós aprendemos muito acerca de Deus com a vinda do Cristo entre nós. Ele nos apresentou Deus numa nova dimensão, não aquele Deus filosófico, estático, mas o Deus dinâmico, misericordioso. Antes de Jesus nós não tínhamos essa ideia. E o que é bonito é que a cada passo que nós damos no plano do crescimento mais a nossa consciência se abre acerca da grandeza de Deus.

Embora não seja possível compreender a fundo a natureza divina, à medida que o homem se eleva além da matéria consegue entender melhor algumas de suas perfeições. É que muitas questões estão bem acima da inteligência do homem mais inteligente, e cuja linguagem, restrita às ideias e sensações, não podem exprimir de forma adequada. Nós não sabemos tudo o que é Deus, e estamos longe de saber, mas por outro lado sabemos o que ele não pode deixar de ser. Por exemplo, ele é eterno e eterno não tem nem princípio nem fim. Porque se Deus tivesse tido princípio ele teria saído do nada ou, então, ele também teria sido criado por um ser anterior a ele. Assim, fica fácil entender que tudo reside na sabedoria divina e que a sua possibilidade alcança o impossível. 

Não se pode entender Deus dentro das propriedades que conhecemos acerca da matéria, sem que ele fique rebaixado ante a nossa compreensão. A sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. Se assim não fosse ele não seria imutável, uma vez que estaria sujeito às transformações da matéria. E ele é imutável.

Se estivesse sujeito a mudanças todas as leis que regem o universo não teriam estabilidade. Ele é único, porque se muitos deuses existissem não haveria unidade de vistas e de poder na ordenação do universo. E por ser único Ele é onipotente. Caso não dispusesse do poder soberano algo com certeza haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto ele. Sem contar que se assim não fosse ele não teria feito todas as coisas, e as que não houvessem sido feitas por ele seriam obras de outro Deus. Em suma, Deus existe, e saber isto para nós já está de bom tamanho, já é o essencial. Ele tem os seus mistérios e pôs limites às nossas restritas investigações. Não vamos ficar nessa de querer entrar num labirinto de onde não podemos sair, uma vez que não há como penetrar o impenetrável. Sua inteligência suprema está revelada em suas obras.

É verdade que todos trazemos dentro de nós as raízes da divindade. Não deve ser novidade para ninguém, uma vez que o próprio Jesus disse com muita propriedade "vós sois deuses". Agora, a grande questão nessa afirmação é que por mais que a gente cresça, por mais que a gente avance, tanto na horizontal como na vertical da evolução, esse deus presente em nós nunca vai ter uma expressão maiúscula.

Seremos sempre "deuses", no minúsculo. Crescer é imperativo que não se discute.

Jesus também disse "sede perfeito", outro imperativo que não tem como desaparecer da nossa vida. Agora, temos que ter em conta que nunca iremos chegar naquele ponto de estarmos perfeitos ou de sermos perfeitos. Nunca. Não vamos. Porque por mais que possamos nos aperfeiçoar haverá sempre o "sede" na frente. Deu para captar? Então, se algum dia você se propuser de fato a ser perfeito você já declarou nula a sua proposta, e fim de conversa. Porque você vai ficar igual a Deus e aí não tem como. Como se diz no ditado popular, aí é "viajar na maionese".

E veja que interessante estes dois versículos: "E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém." (Apocalipse 1:6) "Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus." (Mateus 10:32). Vamos explicar porque demos estes dois exemplos. Note a seguinte expressão: "Seu pai".

Que pai? O pai de Jesus, certo? Até aí está claro. O mestre tantas vezes se expressou desta forma porque ele tinha Deus em uma concepção demasiadamente diferente da nossa. Notou? Ele tem Deus numa concepção diferente da que temos. Nós estamos, de fato, tentando pegar essa paternidade dele.

O pai de Jesus expressa aquela ótica muito para além daquela que temos do criador, muito para além das convenções que cultivamos. É como se o mestre quisesse dizer que nós iremos depois entender Deus para além daquele que é o nosso Deus, e que tem sido a inspiração do nosso aperfeiçoamento. Afinal, nós não temos ainda facilidade para depreender a própria concepção da divindade.

Nós sabemos de alguns atributos de Deus. Sabemos de alguns, mas tem muitos atributos Dele que nós não conhecemos ainda. Sendo assim, na hora em que a gente evolui, que a gente dá um passo à frente, nós passamos a ter uma ideia do Pai numa dimensão maior, mais ampliada. Não acontece isso? A cada dia que passa nós vamos observando e aprendendo cada vez mais acerca Dele.
Marco Antônio Galvão

Um comentário:

Anônimo disse...

Viajou na batatinha .. você fez um jogo de palavras..

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