Não é de hoje que se fala das vantagens do pensamento positivo, a capacidade de acreditar que você pode muito, que nada é tão difícil e que, com jeitinho e um pouco de empenho, dá, sim, para virar qualquer jogo. E essa história toda, que às vezes soa como esotérica ou inexplicável, tem respaldo científico. A ciência já provou que quem ocupa a mente com pensamentos do bem vive mais, com mais saúde e mais feliz do que aqueles que cultivam pensamentos nebulosos. Além de ser bom para a saúde, pensar positivo mexe com a maneira de se relacionar com o mundo.
“A pessoa fica mais sociável, conhece mais gente e adquire o hábito de insistir e tentar de novo quando se vê diante de um fracasso, o que aumenta a chance de conseguir o que deseja”, explica Geraldo Possendoro, psiquiatra, mestre em neurociências e comportamento e professor da Universidade Federal de São Paulo.
E quando não se tem naturalmente essa habilidade? Eis aí o primeiro desafio que lançamos a você: adotar uma das diversas técnicas que estimulam o otimismo e acreditar que pode substituir idéias negativas por positivas. Você pode apostar em uma psicoterapia, independentemente da linha que seja, investir num personal coaching (que trabalha com motivação) ou recorrer à neurolingüística. Seja qual for o método escolhido, essa virada implica modificar o modo de enxergar o mundo. “É importante entender que aquilo que você pensa é apenas uma interpretação da realidade e não a verdade absoluta”, afirma José Roberto Leite, professor de medicina comportamental, também da Unifesp. Por isso, pessoas otimistas e pessimistas podem ter a mesma rotina, mas enquanto uma percebe as coisas boas, a outra vai dar mais valor ao momento ruim – e quanto mais você reclama, mais fica paralisada diante do que é ruim, em vez de se movimentar para transformar o que está incomodando.
Pensamento positivo tem poder, mas não é algo que você consegue colocar em prática de um minuto para o outro. “Se simplesmente repetir para si mesma que vai conseguir se manter na dieta, vai resistir apenas aos primeiros apelos do aroma de uma pizza ou a alguns minutos na presença de um brigadeiro”, diz Carlos Moraes, neurocientista, diretor da Plus Incentive, empresa que trabalha com marketing motivacional. Ele explica que o seu cérebro todo, hemisférios direito e esquerdo, deve estar envolvido no processo de substituir os pensamentos negativos por positivos. “Nosso lado esquerdo do cérebro é lógico, detalhista e cauteloso. O direito é amplo, criativo, artístico e aventureiro. Imagine que o hemisfério esquerdo é o contador e o direito é o marqueteiro. Para conseguir alguma coisa, vai precisar que o marqueteiro convença o contador de que essa mudança é fundamental”, explica.
Traduzindo, quando você pensa: “Quero emagrecer!”, o seu lado esquerdo entra em ação, faz rapidamente um cálculo do seu peso, as calorias que come, os alimentos que prefere, o peso que quer chegar e responde: “Impossível, garota!” O que você deve fazer é sensibilizar o hemisfério direito do cérebro, que depois se encarrega de convencer o esquerdo, como você vai ver a seguir.
“A neurociência conseguiu chegar a conclusões concretas sobre o efeito do pensamento positivo graças a aparelhos que monitoram o cérebro, identificando as áreas ativadas por cada emoção ou situação. É um avanço muito grande para a compreensão do psiquismo”, explica Gildo Angelotti, psicólogo, pós-graduado em medicina comportamental e diretor clínico do Instituto de Neurociência e Comportamento de São Paulo.
• Em setembro de 2005, cientistas da Wake Forest University, nos Estados Unidos, perceberam, por monitoramento da atividade cerebral, que pacientes submetidos a um determinado exame com a expectativa de não sentir dor relatavam intensidade de dor 28% menor do que aqueles que achavam que o exame seria dolorido.
• Em 2003, estudiosos do laboratório de neurociência e afetividade da Universidade de Winconsin, também nos Estados Unidos, vacinaram dois grupos de pessoas contra a gripe. No momento da aplicação, um dos grupos deveria pensar em fatos agradáveis da vida e outro, em coisas tristes e ruins. A constatação foi de que a atividade das regiões do cérebro associadas com emoções negativas acabou enfraquecendo a resposta imunológica das pessoas vacinadas.
Se você quer mudar uma convicção negativa dentro de seu repertório de pensamentos, vai precisar se “revoltar” contra ela. “Mas não adianta só reclamar. O cérebro não entende palavras; ele compreende impulsos. O que funciona é envolver vários sentidos, como audição, visão, olfato e tato criando uma imagem sensorial daquilo que quer espantar de sua vida. Esse tipo de imagem dá uma chacoalhada na sua cadeia de neurônios – só assim, o cérebro aceita deletar aquele pensamento”, explica Carlos Moraes.
Como provocar essa “revolta” concretamente?
O neurocientista Carlos Moraes sugere: “Encha uma bexiga preta imaginando que nela está toda a sensação ruim que você está vivendo. Grite as coisas que você não suporta mais. Estoure a bexiga (você vai usar o tato, a audição e a visão). O cérebro vai armazenar esse episódio e só assim vai se abrir para uma nova possibilidade.
Aquela hora em que você está quase dormindo mas ainda acordada, é uma oportunidade, segundo o neurocientista, para empolgar o lado direito do seu cérebro (o marqueteiro) com seus desejos e objetivos. “O hemisfério direito é um aventureiro, é fácil de convencê-lo. Na hora do sono, o lado esquerdo está mais distraído, porque na sonolência as ondas cerebrais beta são substituídas pelas alfa. Você tem mais contato com o lado direito”, explica Moraes. Nesse momento, fale para o seu lado direito que você ficaria muito mais feliz, muito mais bonita se conseguisse o que você deseja, seja ficar firme na dieta ou conseguir uma promoção. “Vale também fazer um pedido, como se estivesse rezando – isso também induz a um estado de relaxamento que alcança o lado direito do cérebro”, diz Carlos.
Depois que você se revoltou e contou para o lado direito do seu cérebro o que precisa, colete o máximo de informações (sensoriais) sobre aquilo que deseja. “Vamos supor que você queira um carro novo. Seu cérebro não tem registro do que é um carro da marca tal. Portanto, faça um test-drive. Sinta cheiro do carro. Toque a direção. Experimente a pressão do pedal, conheça o seu desempenho, o freio, o acelerador. Mostre para o seu cérebro o que é isso que você está pedindo. O marqueteiro vai se empolgar, o contador entenderá do que você está falando e só assim eles poderão trabalhar juntos, a seu favor”, explica.
O neurocientista Carlos Moraes sugere: “Encha uma bexiga preta imaginando que nela está toda a sensação ruim que você está vivendo. Grite as coisas que você não suporta mais. Estoure a bexiga (você vai usar o tato, a audição e a visão). O cérebro vai armazenar esse episódio e só assim vai se abrir para uma nova possibilidade.
Aquela hora em que você está quase dormindo mas ainda acordada, é uma oportunidade, segundo o neurocientista, para empolgar o lado direito do seu cérebro (o marqueteiro) com seus desejos e objetivos. “O hemisfério direito é um aventureiro, é fácil de convencê-lo. Na hora do sono, o lado esquerdo está mais distraído, porque na sonolência as ondas cerebrais beta são substituídas pelas alfa. Você tem mais contato com o lado direito”, explica Moraes. Nesse momento, fale para o seu lado direito que você ficaria muito mais feliz, muito mais bonita se conseguisse o que você deseja, seja ficar firme na dieta ou conseguir uma promoção. “Vale também fazer um pedido, como se estivesse rezando – isso também induz a um estado de relaxamento que alcança o lado direito do cérebro”, diz Carlos.
Depois que você se revoltou e contou para o lado direito do seu cérebro o que precisa, colete o máximo de informações (sensoriais) sobre aquilo que deseja. “Vamos supor que você queira um carro novo. Seu cérebro não tem registro do que é um carro da marca tal. Portanto, faça um test-drive. Sinta cheiro do carro. Toque a direção. Experimente a pressão do pedal, conheça o seu desempenho, o freio, o acelerador. Mostre para o seu cérebro o que é isso que você está pedindo. O marqueteiro vai se empolgar, o contador entenderá do que você está falando e só assim eles poderão trabalhar juntos, a seu favor”, explica.
O mesmo vale para o cara bonito do andar de cima. Você quer sair com ele? Tente se aproximar fisicamente para perceber o cheiro que ele tem, o timbre da voz e o ritmo dos passos. Só depois que você conseguir muitos elementos a respeito dele e tiver “conversado” com o lado direito do seu cérebro, chame ele para um café – e vá confiante. “Se você coletou informações e está segura de que tem chances, essa história pode acabar bem.” Último conselho: ponha essa estratégia em prática com fé. Quem não acredita que vai conseguir não convence ninguém – especialmente o próprio cérebro – de seu poder”, explica Carlos.
Praticar o pensamento positivo não significa que, a partir de agora, você está proibida de ter um dia de mágoa, como se pensamentos tristes tivessem sido banidos da sua vida. “A tristeza também tem uma função. Induz ao recolhimento, à reflexão sobre os fatos, ajuda encontrar saídas para os problemas”, explica Geraldo Possendoro, da Unifesp. Pensar positivo não significa negar a realidade e brincar do contente irresponsavelmente. Fique aberta para perceber a realidade. Só assim poderá alterar a sua rota, flexibilizar suas metas e pensar em outra possibilidade, caso as coisas não aconteçam exatamente como você planejou.
Praticar o pensamento positivo não significa que, a partir de agora, você está proibida de ter um dia de mágoa, como se pensamentos tristes tivessem sido banidos da sua vida. “A tristeza também tem uma função. Induz ao recolhimento, à reflexão sobre os fatos, ajuda encontrar saídas para os problemas”, explica Geraldo Possendoro, da Unifesp. Pensar positivo não significa negar a realidade e brincar do contente irresponsavelmente. Fique aberta para perceber a realidade. Só assim poderá alterar a sua rota, flexibilizar suas metas e pensar em outra possibilidade, caso as coisas não aconteçam exatamente como você planejou.
Marjorie Umeda
picture by Fafi Mizrahi
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