Gilles Deleuze também elaborou uma filosofia de caráter extremamente pessoal e original, procurando dar um novo sentido e uma nova dimensão ao filosofar, porém em uma perspectiva mais teórica e abstrata do que a de Foucault, embora ambos se admirassem mutuamente.
Deleuze publicou inicialmente uma série de estudos filosóficos que na modernidade podem ser considerados, senão marginais, pelo menos críticos de tendências dominantes, como Spinoza, Leibniz, Hume e Nietzsche, apesar de ter escrito também um estudo sobre Kant.
Posteriormente, em "Diferença e repetição" (1968) e na "Lógica do sentido" (1969), desenvolve sua concepção filosófica própria, em uma linha assistemática, problematizando a história da filosofia tradicional, seus pressupostos epistemológicos e ontológicos e propondo uma releitura dessa tradição, sobretudo a partir dos conceitos de identidade e diferença.
Há, desse ponto de vista, uma clara influência da crítica de Heidegger ao "esquecimento do ser" na tradição filosófica. Em colaboração com Felix Guattari, Deleuze escreveu o "Anti-Édipo" (1972), questionando os pressupostos da psicanálise de Freud e provocando uma discussão crítica sobre o sentido da teoria freudiana e da prática psicanalítica, visando, ao contrário, "liberar o desejo".
Deleuze busca nessas obras revalorizar o corpo e o desejo, que considera tradicionalmente excluídos da discussão filosófica. Em desenvolvimentos posteriores de sua obra, Deleuze procura também ultrapassar as fronteiras da filosofia tradicional, provilegiando as artes plásticas, a literatura e o cinema como formas de expressão.
Danilo Marcondes
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