6 de fev. de 2008

Equilibrio


Gostamos de dividir o mundo, as coisas e as pessoas em categorias que se opõem: bom e mau, certo ou errado, vida pessoal ou vida profissional, materialista ou espiritualista. Estamos sempre optando entre uma coisa e outra, o que nos traz muita ansiedade e angústia. A procura da inteireza, da conciliação entre os opostos, da ausência de luta interna é a mesma procura da paz, do amor e da felicidade. Os antigos místicos diziam que a virtude está no meio, indicando que o esforço do homem tem de se concentrar no equilíbrio. Todo excesso prejudica, seja para um lado ou para outro.

No caminho do crescimento emocional, cada vez mais teremos de abrir mão desta partícula alternativa –“ou” – e de aderir à partícula integrativa – “e”. Um exemplo simples, do dia-a-dia, talvez nos aclare melhor. Quando os meus filhos eram crianças, um deles me perguntou se eu me achava inteligente. Já nessa época, às voltas com a necessidade de aceitar os opostos, me lembro de ter respondido: “Depende da hora. Às vezes, me sinto bastante inteligente; às vezes, extremamente idiota”. E ainda acrescentei: “Sou também bom e mau, verdadeiro e falso, calmo e nervoso”.
Somos feitos de algumas dualidades. Corpo e alma, razão e emoção, individualidade e vida social. A decorrência disso é que somos seres materialistas e espiritualistas e que devemos conjugar com igual importância o verbo ser e o verbo ter. O que é, porém, equilíbrio? Equilíbrio é deixar que os opostos façam as pazes no nosso coração. Todos sabem quando estão exagerando. Equilíbrio é olhar com amor, sem julgar os aspectos aparentemente contraditórios da realidade e saber que, apesar da diversidade, o mundo é um só. Só assim podemos ter paz. A paz de aceitar o mundo tal qual ele é. Equilíbrio, em todos os aspectos da nossa vida, é como caminhar numa corda bamba. O segredo para não cair é, ao sentir que está pendendo demais para um lado, fazer força no sentido contrário.
Antônio Roberto
Picture by Laura Monahan

Um comentário:

teresa disse...

Bem simples, mas tão complicado. Viver essa dualidade realmente é uma arte acessível a tão poucos. Manter o equilíbrio quando se é passional é impossível!
bjssss

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