3 de mar. de 2008

Canção da Plenitude


Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida, há muito se manchou.
Há rugas, onde havia sedas,
Sou uma estrutura agrandada pelos anos
e o peso dos fardos bons e ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir,
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar quando antigamente
quereria apenas ser amada.
a entender-te se precisas,
a aguardar-te quando vais,
a dar regaço de amante
e colo de amiga,
e sobretudo a força que vem do aprendizado
Posso dar-te muito mais do que a beleza
e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor,
com mais paciência e não menos ardor,
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés- mesmo se fogem – retornam,
cuja correntes ocultas não levam destroços,
mas o sonho interminável das sereias.
Lya Luft
Picture by Marc Chagall

Um comentário:

teresa disse...

A minha idade não se conta pelos aniversários q festejei, mas pelas experiências q vivi!
Bjsssss

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