6 de jan. de 2009

Paciencia

Cada um de nós tem um corpo específico, tem um jeito, uma história, uma forma de estar no mundo e na relação com as coisas, as pessoas, o espaço e o tempo. Cada pessoa é única! Uns são mais rápidos, outros mais lentos, uns funcionam melhor pela manhã, outros pela tarde, outros à noite e fazer um casamento fiel entre as demandas da realidade e possibilidades de resposta de cada um é o que chamamos de paciência. O contrário da paciência é a pressa e a ansiedade, que aparecem quando queremos ser perfeitos, quando nos afligimos para nunca errar e agradar a todos e quando somos infiéis ao nosso ritmo. No livro “Grande: Sertão Veredas”, Guimarães Rosa escreve: “Deus é a paciência e o diabo, a pressa”. De fato, há certa graça religiosa no comportamento paciente. Através da paciência, respeitamos o nosso ritmo e também o ritmo dos outros. Os pais ansiosos querem amadurecer os filhos à força. Querem que eles comecem por onde os santos terminaram. As brigas constantes no casal têm origem na ansiedade. Daí a intolerância, os controles, a manipulação, as ameaças e o querer mudar o outro. Um dos segredo do amor é a paciência com as diferenças do outro. A paciência não é tolerar tudo submissamente e, sim, aumentar a capacidade de contemplar, a capacidade de admirar, refletir e esperar. O ritmo acelerado das mudanças, o jeito frenético da sociedade, a exigência alheia por urgência são tentações para sairmos de nossos eixos. Acalmar o próprio corpo, através de exercícios respiratórios ou de trabalhos manuais, é o caminho para reeducá-lo no seu ritmo natural. A vida não é uma maratona, cujo vencedor chega primeiro. Ela está mais para uma viagem lenta, onde cada pedaço da paisagem tem de ser saboreado. O importante não é a chegada, mas a travessia.
Antônio Roberto

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