8 de ago. de 2009

A importância do beijo

Para manter o apetite sexual em alta, o beijo é essencial na relação Beijo de menos Falta de beijo na boca. Por esse motivo, a nutricionista curitibana Samara da Cunha, 27 anos, resolveu pôr fim a um namoro de mais de três anos. Antes de tomar essa decisão radical, ela bem que tentou atrair os lábios do namorado para os seus com leves mordidinhas, diversas vezes. Não adiantou. Sete meses e inúmeras dentadas depois, o jeito foi partir para uma DB (a sigla vem de "discutir o beijo"), que também não levou a nada. "Beijo de língua só rolava durante o sexo", conta Samara. "E para mim não bastava. Para ter vontade de cair na cama, eu precisava beijar antes, para me inspirar. Como não acontecia, não sentia vontade de transar. Beijo envolve sentimentos, sabe?" Beijo como preliminar Sim, todo mundo sabe que beijo envolve sentimento. Tanto é que a recusa das prostitutas em ceder seus lábios à clientela, alegando excesso de intimidade, caiu na boca do povo. A ciência não comprova o fato, que pode sim ser lenda urbana. Por outro lado, no campo das estatísticas, existem números que demonstram que beijar, para a grande maioria dos brasileiros, é sim de extrema importância - antes, durante e depois do sexo. Das 7.100 pessoas entrevistadas numa pesquisa da terapeuta sexual Carmita Abdo, do Hospital das Clínicas de São Paulo, 89% defenderam o encontro de lábios como uma preliminar necessária. As 11% restantes afirmaram que beijar só interessa mesmo no meio do rala e rola. No fim das contas, 100% concordaram: pelo menos entre lençóis, o beijaço é fundamental! A relação do beijo com o sexo Os lábios da boca guardam semelhanças com o clitóris, principal motorzinho do prazer feminino - essa seria uma das explicações de por que mulheres, principalmente, amam beijar. Ambos os órgãos têm intensa irrigação vascular e escondem suas terminações nervosas sob uma fina mucosa, o que os tornam supersensíveis. Além disso, a boca é a primeira parte do corpo com a qual exploramos o mundo, a partir do peito da mãe. Trocando em miúdos, por meio dela somos apresentados à noção de prazer (no caso, o da alimentação). A cada encontro com um novo parceiro, os lábios acabam por revelar se a relação terá ou não futuro sexual. O cheiro do outro, o gosto, a textura e a temperatura da pele... Tudo isso já pode ser sentido no beijo. Ou seja: é no encontro de lábios que nasce e morre o tesão. Ou o amor. "O beijo implica, ao mesmo tempo, acesso ao corpo do outro e uma entrega talvez maior do que a da transa", avalia o psicanalista e escritor Contardo Calligaris. "Nele, o amor está quase sempre misturado." Tanto que, quando o desgaste contamina um relacionamento, o contato labial vai ficando cada vez mais diplomático, até chegar a um selinho, no máximo. "A partir do momento em que não há mais vontade de dar beijo de língua, a relação sexual também fica comprometida", afirma Carmita Abdo. "O beijo não mexe só com o corpo da pessoa, mas também interfere no seu estado psicológico." Academia do Beijo Depois de constatar que falta de beijo costuma ser problema comum entre casais que estão há muito tempo juntos, a psicoterapeuta americana Cherie Byrd resolveu fundar a Academia do Beijo (www.kissingschool.com.br), em Seattle, Estados Unidos, onde oferece cursos e tratamentos relacionados à questão. Todos os meses, desde 1998, Cherie recebe centenas de inscrições e perguntas de gente com dificuldade para beijar com gosto. "Apenas 30% dos casos revelam crises sérias de relacionamento", diz Cherie. "A maioria dos casais simplesmente precisa combater a rotina. Recomendo que se entreguem a beijos libidinosos, como lição de casa mesmo." Tratamento boca a boca A estudante de fisioterapia Andréia Peixoto, 22 anos, conhece bem essa história. Afinal, foi beijando que ela conseguiu revitalizar o seu namoro de um ano e sete meses. "As coisas foram ficando meio mornas e um dia o Eduardo reclamou que eu não o beijava mais como no início do relacionamento", lembra Andréia. Depois de ouvirem o conselho de uma amiga psicóloga, os dois resolveram dedicar dez minutos diários para um boca a boca, digamos, mais entusiasmado. E não é que deu certo? "Esse exercício nos ajudou muito, porque acordou o tesão", diz Andréia. Então, para prevenir futuros dramas conjugais, anote aí esta receita fácil e deliciosa: beije, beije, beije... Thiago Bronzatto

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