28 de set. de 2009

A dor da perda

O nascimento e a morte são fenômenos do que é humano. 


A vida e tudo que lhe pertence é transitória. A lei fundamental é a transitoriedade. 


Diariamente, temos demonstração disso, mesmo assim, nós e a sociedade fazemos um enorme esforço para negar esse fato, desenvolvendo grandes mecanismos de defesa contra a realidade. 


Não gostamos de ver, de conversar, de constatar as perdas, as separações, a morte. 


Com isso, a maioria vive em um mundo de ilusões: acreditamos no amor eterno, acreditamos na permanência das pessoas e dos sentimentos. Quando se fala em morte, é sempre a do outro e assim por diante. O que é verdadeiro, porém, sempre aparece mesmo contra a nossa vontade. A morte de alguém próximo e significativo como é o caso da leitora acima, nos dá uma tremenda bofetada e nos faz acordar das ilusões. 


A morte existe mesmo e nós vamos morrer. Essa constatação nos fragiliza, quebra nossas armaduras mentais e entramos no mundo da estranheza. Alguns ainda tentam negar: "Parece que estou sonhando". "Não acredito que isso aconteceu". "Não aceito isso". Só que não adianta, o que é, é, e não tem mais jeito de não ser. Aí tentamos um segundo caminho, a persistência na dor da perda. 


Quem sabe se permanecermos muito tempo na depressão, na angústia, no choro, Deus ficará com pena de nós e nos trará de volta o ente querido. Todos os sentimentos de dor após uma perda são naturais e necessários, mas como uma travessia. É o momento do luto, e é importante que todos esses sentimentos sejam expressos: raiva, tristeza, saudade, mágoa, culpa etc. 


Mas, assim como a vida, esses sentimentos também passam e temos que contribuir para isso. Não há mérito nenhum em permanecer anos sofrendo por alguém que se foi, e não é prova de amor. A maior prova de amor a uma pessoa que morreu é atravessar a dor e ressuscitar adiante, na alegria e na felicidade. Abrir os olhos para essa realidade é abrir os olhos para Deus e para nosso destino como seres humanos. Não escolhemos nascer, nem morrer, mas podemos escolher como viver.
Antônio Roberto

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