Escolher seus próprios caminhos, seus pensamentos, sentimentos e ações. A dependência, seja em quais relações forem, no casamento, na relação pais e filhos, nas amizades, se caracteriza em não ser permitido escolher. Você é obrigado a funcionar de uma maneira que não gostaria e, por isso, se sente frustrado, amarrado e ressentido. Fazer coisas por obrigação – incluindo aqui o medo de desagradar, o medo de sentir culpa –, coloca o relacionamento no campo da destrutividade. É claro que no encontro entre pessoas há um enorme espaço para a troca, a reciprocidade, a combinação e as oferendas. Tudo, porém, por escolha. Há uma enorme diferença entre “eu quero ir ao cinema com minha mulher e eu tenho que ir porque, do contrário, ela ficará chateada”.
As relações não podem ser pretexto para que as pessoas percam sua individualidade. Um bom relacionamento entre marido e mulher, por exemplo, contemplará as seguintes situações: o marido deverá cuidar das suas necessidades e da sua individualidade; a mulher da mesma forma, e os dois cuidarão das necessidades da relação. O mesmo se aplica à relação com os filhos. A sociedade estimula nossa dependência psicológica de muitas pessoas, começando pelos pais. E a autonomia também começa exatamente dos pais. Por isso, tantos choques na adolescência dos filhos, seres dependentes, ensaiando os primeiros passos na escolha da própria vida e os pais insistindo em mantê-los crianças controladas e escravas dos desejos paternos.
Nas famílias autoritárias, ao contrário, o valor da liberdade é substituído pela proteção, pelo apego (ciúme) e pela obediência. Os pais tomam como ofensa pessoal o filho desejar ir a uma festa com os colegas ao invés de ficar numa reunião familiar. “Vossos filhos não são vossos filhos. São a ânsia da vida por ela mesma. Eles veem de vós, mas não vos pertencem...”
Antônio Roberto
Picture by James Lesesne Wells
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