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Aos 16 anos, o jovem argentino Alberto Manguel trabalhava numa livraria em Buenos Aires. Certo dia, viu entrar pela porta, um homem cego, já de meia-idade, que havia encomendado uma obra esquisita – um dicionário de anglo-saxão. Todo mundo conhecia o homem, era Jorge Luis Borges, um dos mais importantes escritores do continente latino-americano e, para muitos, um dos mais importantes do século. Manguel atendeu o escritor. E este, quando já estava para ir embora, resolveu fazer-lhe uma proposta: que tal se nas horas livres o rapaz fosse até sua casa, para ajudá-lo com os textos que ele não podia mais enxergar? Nos dois anos seguintes, foi exatamente o que aconteceu. Ele leu em voz alta para Borges. Para si mesmo, enquanto isso, confirmou sua paixão pela leitura. Hoje, aos 55 anos, ele é um especialista de renome internacional nesse tema. Sua obra mais conhecida é Uma História da Leitura, que, lançada pela editora Companhia das Letras, chegou a freqüentar as listas de mais vendidos no Brasil. Escrito em linguagem clara e atraente, repleto de histórias e curiosidades, o ensaio aborda o assunto das mais diversas perspectivas – da iniciação à literatura à relação do texto escrito com as imagens e as novas tecnologias. Filho de diplomata, Manguel – que se lembra de ter decifrado o significado das letras de um cartaz pela primeira vez aos 4 anos – já viveu em diversos países, da Itália ao Taiti, e é fluente em cinco línguas. Atualmente vive no em Calgary e é cidadão do Canadá, "um país onde sua voz é escutada sem que você precise ser um político".
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