
As ofensas, que na verdade consistem sempre na exteriorização da falta de consideração, colocar-nos-iam bem menos fora de nós mesmos se, por um lado, não nutríssimos uma representação tão exagerada do nosso elevado valor e da nossa dignidade - portanto, um orgulho desmesurado - e, por outro, se estivéssemos bastante cientes daquilo que, via de regra, no fundo do coração, cada um crê e pensa dos outros.
Que contraste flagrante entre a susceptibilidade da maioria das pessoas à mais ténue alusão de censura a seu respeito, e aquilo que ouviriam de si, caso surpreendessem as conversas dos seus conhecidos!
Deveríamos, antes, ter em mente que a polidez habitual é apenas uma máscara burlesca; desse modo, não gritaríamos tão alto todas as vezes que esta fosse deslocada ou retirada por um breve instante.
Todavia, quando se torna de fato rude, é como se tivesse despido todas as suas roupas e se postasse de nós in puris naturalibus (nu em pêlo).
Decerto, assim o fazendo, desempenha uma figura bastante feia, como a maioria dos homens nesse estado.
Arthur Schopenhauer
picture by Marc Chagall
Um comentário:
Gostei e entendi. Tenho o pecado do orgulho e a língua solta e isso me traz problemas, às vezes.
Abração Leo.
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