12 de ago. de 2007

Há um segundo princípio de incerteza


Há um segundo princípio de incerteza, o de que o sujeito oscila, por natureza,
entre o tudo e o nada. Para si mesmo, ele é tudo. Em virtude do princípio
egocêntrico está no centro do mundo, é o centro do mundo. Mas, objetivamente,
não é nada no universo, é minúsculo, efêmero.
Por um lado há uma antinomia
entre esse privilégio inaudito que o “eu” concede a si mesmo e a consciência que
podemos ter de que essa coisa, a mais sagrada e a mais fundamental, nosso tesouro
mais precioso, não é nada de nada. Estamos divididos entre o egoísmo e o altruísmo.
(...) A morte, para cada sujeito, é o equivalente à morte do universo.

É a morte total de um universo.

E, por sua vez, essa morte revela fragilidade, o quase nada dessa entidade que é o sujeito. Mas, ao mesmo tempo, somos capazes de buscar essa morte, horror, quando oferecermos nossas vidas pela pátria, pela humanidade, por Deus, pela verdade.
Edgar Morin
picture by Luiz Carlos Ferracioli

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