29 de jan. de 2008

Mapa e território


Vivemos em dois mundos: em um mundo de acontecimentos que percebemos diretamente.

É um mundo muito pequeno, constituído estritamente pela seqüência de coisas que realmente vimos, ouvimos, percebemos, isto é, pelo fluxo de acontecimentos que estão sempre passando através de nossos sentidos.

Em termos de experiência pessoal, a África não existe desde que nunca tenhamos estado lá. É através de relatos e relatos de relatos que recebemos a maior parte dos conhecimentos. Chamamos de mundo verbal a esse mundo que nos chega através das palavras, em oposição ao mundo extensional, que conhecemos ou somos capazes de conhecer através de experiência própria. Esse mundo verbal deve estar em relação com o mundo extensional, assim como um mapa deve estar em relação com o território que supostamente representa.

Se a criança chega a vida adulta, tendo na mente um mundo verbal que razoavelmente se aproxima do mundo extensional encontrado ao seu redor estará mais adequada para os acontecimentos. O seu mundo verbal já a instruiu sobre o que deve esperar. Se todavia cresce tendo em mente um mapa falso, isto é , se cresce com a mente abarrotada de erros distorções, estará constantemente esbarrando em dificuldades, desperdiçando esforços. Algumas pessoas vivem em um mundo que tem pouquíssima semelhança com o mundo extensional.

Por mais belo que seja um mapa torna-se inútil ao viajante, se não mostra exatamente a relação dos lugares entre si, e a estrutura do território. O mesmo acontece com a linguagem. Por meios de relatos errôneos, imaginários, ou por falsas inferências, podemos criar mapas que nada têm a ver com o mundo extensional.
Existem dois modos de introduzir mapas falsos em nossas mentes: recebendo-os de outras pessoas ou criando-os por conta própria, mediante a interpretação errônea de mapas verdadeiros.
Samuel I. Hayakawa
Picture by Gayle Ullman

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