9 de mar. de 2008

Críticas


A maioria de nós foi educada com um modelo que coloca a crítica como o principal fator de mudança e crescimento. Parte-se do pressuposto que, se forem apontados os defeitos de um criança e se ela for castigada por causa deles, haverá uma mudança no seu comportamento e crescerá sadia e feliz.
A realidade educacional tem nos mostrado exatamente o contrário. Quando alguém é sistematicamente criticado, desenvolve-se nele uma forma interna de reatividade que dificulta a consciência dos seus erros e a descoberta das formas de superá-los. Isso tem um nome: resistência às mudanças. Se através da prática aprendemos e interiorizamos esse modelo, não é de admirar que mais tarde nossas relações sejam marcadas por ele.
A maioria das brigas dos casais, por exemplo, tem por origem a tentativa de um mudar ao outro por meio de repressões e críticas, que vão crescendo de intensidade, chegando, às vezes, até a violência. Quando essa forma de se relacionar virá um hábito, o afeto, a aproximação, a admiração e o respeito vão dando lugar à hostilidade, à irritabilidade e à distância. O casamento é um espaço de crescimento.
Cada um dos parceiros deve aumentar a consciência de seus próprios pontos fracos e envidar esforços no próprio crescimento como ser amoroso. O diálogo, a exposição de cada um daquilo que o desagrada no comportamento do outro, a expressão dos próprios sentimentos negativos e dos próprios limites diante da humanidade do outro são fundamentais. O que não vale é, em nome disso, se colocar como superior ao outro, arvorando-se em juiz do outro e determinando como o outro deve ser.
Pequenas diferenças de opinião, de preferências podem se tornar um grande problema no casamento, pois as criticas de um são reforçadas pela reatividade do outro. A marca fundamental da nossa vida é nossa imperfeição humana. Não existem um marido perfeito ou uma esposa perfeita. Um casamento se constrói quando os parceiros se colocam de um mesmo lado e, através da admiração e da tolerância ao outro, procuram formas de viver cada vez melhor e feliz em vez de se colocarem como inimigos, ou seja, um tentando mostrar que é bom e que o outro não presta.
Antônio Roberto
Picture by Hein Van Den Heuvel

Um comentário:

teresa disse...

Na maior parte das vezes apenas um dos lados cede e aí o outro lado cresce e os atritos aumentam!
Bjsss

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