8 de mai. de 2008

Djanira da Mota e Silva



Djanira da Mota e Silva nasceu em Avaré (SP). Passou a infância em Porto União (SC), onde trabalhava na lavoura. Na adolescência, voltou para a cidade natal, Avaré.

Em 1928, seguiu para São Paulo, onde foi vendedora ambulante. Ganhava pouco, morava e comia mal, mas trabalhava além de suas forças. Contraiu tuberculose e foi internada no pavilhão de pacientes terminais do Sanatório Dória, de São José dos Campos, nos 1930.

No hospital, teve acesso pela primeira vez a pincéis e telas. Em uma brincadeira a artista disse que “faria um retrato melhor do que aquele que via pendurado na parede”. Djanira passou a pintar figuras de um Cristo contorcido em dores, como os pacientes do pavilhão dos desenganados.

Para espanto dos médicos, ela se recuperou e recebeu alta, quase que completamente curada. Mudou-se em 1939 para o Rio de Janeiro, onde se casou com Bartolomeu Gomes Pereira, um que trabalhava na marinha mercante. Ele morreu quando um submarino alemão torpedeou o seu navio na Segunda Guerra Mundial. Viúva e sozinha, alugou um quarto na Pensão Mauá, em Santa Teresa, e viveu como costureira.

Os outros hóspedes eram estudantes de pintura com poucos recursos e alguns pintores estrangeiros refugiados de guerra. Entre eles, o romeno Emeric Marcier, que passa a dar-lhe aulas de pintura. Djanira aprendeu técnicas, porém, permaneceu fiel ao seu estilo simples. Próximo à pensão, o Hotel Internacional reunia pintores mais ricos, como os exilados franceses Arpad Szenes e sua mulher Maria Helena Vieira da Silva. Djanira passou a receber apoio. Participou do Salão Nacional de Belas Artes em 1942, e fez duas exposições coletivas e uma individual.

“Comecei a pintar desenhando o mundo modesto que me cercava. Meus animais, minha varanda, o interior de minha casa, o retrato dos vizinhos. Eram estudos de observação amorosa das coisas que estimava.”

Terminada a guerra, em 1945, Djanira partiu para uma estadia de quase três anos nos Estados Unidos. “Esta viagem lhe abriu horizontes.” Durante essa estadia, conheceu Marc Chagall, Juan Miró e Fernand Léger.

“Ela trabalhou muito, participou de exposições em Nova York, Washington e Boston. Interessou-se pela arte dos muralistas. Voltou, em 1947, para o Brasil e em seu trabalho foi flagrante o apuro da técnica.

Em 1952, viajou pelo Brasil para colher imagens do cotidiano e de festas religiosas. Essa foi a fase mais expressiva de sua carreira. Representou pescadores, trabalhadores do campo e da cidade, e o místico sincretismo do catolicismo e cultos afro-brasileiros.

O painel "Santa Bárbara" (1964), de 130 metros quadrados e 5300 azulejos, é um dos melhores exemplos desta fase e está hoje no Museu Nacional das Belas Artes do Rio de Janeiro. A obra é uma homenagem aos 18 operários mortos na abertura do Túnel Santa Bárbara, entre os bairros de Catumbi e Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

“Quando viajo pelo Brasil, descubro que ainda tenho muito a pintar. São essas viagens que engrandecem meu trabalho. Eu não poderia viver entre quatro paredes e criar sem que meus olhos não vissem a paisagem e os tipos que retrato.”

Faleceu em 31 de maio de 1979, no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte. Estava com 65 anos. Seu desejo era de ser enterrada descalça e com o hábito de irmã da Ordem Terceira do Carmo, instituição religiosa a que estava ligada nos últimos anos.

2 comentários:

Unknown disse...

BOM ACHEI BEM INTERESSANTE A HISTORIA DE DJANIRA, POIS ALI MOSTRA COMO ELA INFRENTOU A VIDA,COM OBSTACULOS E DOENÇA.

Unknown disse...

A HISTORIA DE DJANIRA É MUITO INTERESSANTE.POIS MOSTRA O MODO QUE DEVEMOS ENFRENTAR A VIDA

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