4 de mai. de 2008

Mulheres bem-sucedidas e o novo desafio: suas filhas

Mesmo entre famílias “progressistas”, o sucesso da carreira de uma mulher tende a assustar mesmo os mais queridos. Não é notícia nova que os maridos freqüentemente desaprovam esposas que os ofuscam.

A novidade é que suas filhas também podem sofrer das mesmas dificuldades em aceitar uma mãe bem-sucedida. Com outra pessoa crítica dentro da família, as mulheres tornam-se desesperadas por reconhecimento.

Qualquer empregador que conseguir conspirar contra esse padrão tem grandes chances de sair vitorioso na batalha pelo talento feminino nas corporações.

Mulheres de sucesso constantemente se acham, segundo estudo, pressionadas a provar a elas mesmas que são mães normais. Entre a lista dos fatores em jogo, a culpa maternal ocupa a primeira posição.

Inúmeras mulheres realizadas profissionalmente encontram dificuldade para trabalhar em casa – isso diminui o tempo destinado ao papel maternal e de esposa. O resultado dessa falta de reconhecimento no lar traz conseqüências sérias e surpreendentes.

Em seu trabalho sobre ambição (Necessary Dreams, Sonhos Necessários, em tradução livre), a psiquiatra Anna Fels demonstra que a realização tem duas raízes: poder e reconhecimento. Indivíduos talentosos necessitam constantemente ser encorajados, apreciados e apoiados quando suas habilidades e competências precisam ser totalmente materializadas. Dar desculpas ou esconder o sentimento de culpa pode levar uma pessoa, e sua ambição, ao fracassso.

Os dados mostram que várias mulheres esperam o reconhecimento de seus empregadores. Em uma recente pesquisa o Center for Work-Life Policy descobriu que o reconhecimento supera o valor de recompensas e cargos, como fator motivacional para executivas. Quando o assunto é inspirar mulheres de alta performance a ir ao trabalho e se dedicar integralmente a ele, encorajamento e apreciação sobrepõem-se a dinheiro e poder.

Iniciativas corporativas que realizem reconhecimentos significativos são poderosas ferramentas de retenção de talentos femininos. Mas políticas corporativas à parte, o que as mulheres podem fazer para reescrever sua relação mãe-filha? Meu conselho é conversar com as filhas, de forma mais consistente, sobre a luta que ela enfrenta.

Boa parte das mulheres passou mais de 30 anos trabalhando muito mais duro que qualquer outro homem. Gastamos boa parte de nossas vidas batalhando por um crédito extra: sermos melhor preparadas. E ficamos até tarde no escritório. É a única forma de confundir os estereótipos existentes sobre homem e mulher.

Estamos tão preocupadas em não parecermos amargas na frente de nossas filhas que não tentamos envolvê-las na dificuldade que tem sido superar tais barreiras. Um maior entendimento disso por parte das filhas as fará menos rancorosas – e mais festivas – em relação ao sucesso de suas mães.
Silvia Ann Hewlett

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