25 de ago. de 2008

Menos ansiedade, menor consumo de álcool

Uma vez dependente de álcool, sempre dependente de álcool – é um ditado muito antigo, mas faz pouco tempo que a ciência descobriu porque ele é bastante válido. O consumo excessivo de álcool durante longos períodos provoca alterações cerebrais, torna a pessoa mais sensível ao estresse e mais propensa a buscar na bebida uma opção para aliviar sua ansiedade. De acordo com um estudo publicado na revista Science este ano, as substâncias que inibem os caminhos do estresse poderiam auxiliar na recuperação de dependentes de álcool ajudando-os a manter-se sob controle.Em Londres, os cientistas do Instituto Nacional de Saúde e da College London University reproduziram ratos sem o receptor neuroquinina 1 (NK1R), uma proteína envolvida na resposta do cérebro ao estresse. Os ratos podiam beber, à vontade, água misturada com álcool durante 60 dias. Nesse período o teor de álcool foi aumentando de 3% até 15%. Na experiência, os ratos com deficiência de NK1R consumiram muito menos álcool que os ratos normais, principalmente quando a concentração de álcool se tornou mais alta. Eles também se mostraram mais sensíveis aos efeitos do álcool que os ratos normais. Estudos têm mostrado que quanto maior é a sensibilidade do indivíduo ao álcool, menor a probabilidade de a pessoa abusar dele. Posteriormente a equipe tratou 25 dependentes de álcool altamente ansiosos, em fase de recuperação, com o medicamento que bloqueia o receptor NK1R. Após quatro semanas de tratamento, os sujeitos que receberam a droga relataram desejos de álcool induzidos por estresse, menos espontâneos que os pacientes tratados com placebo. Quando os cientistas submeteram os pacientes à ressonância magnética funcional para analisar sua atividade cerebral descobriram que os indivíduos tratados mostravam menos atividade insular ─ região associada ao desejo. É possível que a droga percorra um caminho de estresse específico em dependentes alcoólicos, pois já foi demonstrado um efeito reduzido nos níveis de estresse em outros tipos de pacientes.Markus Heijlig, principal autor do estudo no Instituto Americano de Saúde (NIH) adverte que embora o estudo seja promissor, não há provas de que a droga possa ajudar pessoas dependentes há muito tempo. Segundo ele “é preciso estender os estudos a pacientes externos e observar a redução no consumo de álcool.” Há planos para a realização de uma experiência clínica mais ampla, exatamente com essa finalidade.
Melinda Wenner

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