21 de jun. de 2010

A vida é perto
O conceito é de Millôr Fernandes, e meio que se explica por si mesmo:
A VIDA É PERTO. Foi dito por ele para uma querida amiga a respeito de alguém que, sendo carioca e morando no Rio, fazia questão de ter casas e apartamentos em várias cidades do planeta.
"A vida é perto, Olivia", disse Millôr. Sem elucubrações outras.
Ela entendeu, contou para todo mundo e todo mundo entendeu. Foi também de Millôr que roubei o conceito de que o ideal é morar, no máximo, até o 4° andar - para conservar a perspectiva humana. Por isso, há anos, ao comprar um apartamento no Rio, fiz questão de que, ao chegar à janela, eu estivesse ao alcance da voz de quem passava lá embaixo, na, calçada. De que pudesse ler a tabuleta na carrocinha com o preço do Chica-bon e, idealmente, distinguir a cor dos olhos das moças a caminho da praia - único item que não foi atendido, porque elas passam de óculos escuros. Enfim, a vida é perto.
Pode-se estender o conceito a muitas categorias, como a de que a vida é hoje, ontem ou amanhã, de que é agora ou nunca, ou de que é um amistoso ou a valer três pontos. Tudo vale.
Acacianismos a parte (tipo "Viver é muito perigoso", Guimarães Rosa), talvez levássemos vida melhor se tivéssemos mais tempo para pensar nela. Mas não dá, porque a vida, quando acordamos para ela, é depressa.
Rui Castro

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