O espanto: a arte
A música, a arte em geral, age nos ponto em que o homem se encontra dividido entre o que o toca e o que ele pensa. O fato de que “tocar” não seja “pensar” remete para essa dissociação entre intelecto e afetividade, através da qual o sujeito se sente separado do que ele sente ser a vida quando ele a pensa, enquanto que ela se apodera dele quando ele cessa de pensá-la e senti-la. A esse respeito, se uma música ou um quadro nos surpreendem, é que, tendo o poder de nos tocar, eles nos dão o sentimento de poder tocar o que chamamos “a vida”, e que deixamos, momentaneamente, de estar separados de sua “presença”, que nos era velada por essa re-presença que é a representação psíquica.
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O que nos faz ouvir a música senão a presença do inaudível, até então banido da mesmice tagarela do cotidiano?
Alain Didier-Weill
Os três tempos da lei
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