28 de nov. de 2010

O Twitter erótico de Ângela Bismarchi

Entre uma e outra sessão de malhação, a “rainha das plásticas” publica na web conselhos sexuais em 140 caracteres – e se torna um sucesso instantâneo Quando se encontra Ângela Bismarchi pela primeira vez, é difícil prestar atenção ao que ela está falando. O interlocutor se pega numa espécie de gincana para encontrar todas as modificações que ela já fez em sua aparência.
A modelo e empresária, conhecida como a rainha das plásticas, admite que já fez mais de 40 intervenções estéticas, cirúrgicas ou não. Ela tem 1,81 metro de altura, seios de silicone, lábios de silicone, nariz afilado pela plástica, cabelo pintado de louro com fios de ouro e lentes de contato azuis. Unhas muito grandes. Botox na testa e nas maçãs do rosto. Lipoaspiração nos quadris e nas coxas.
Braços musculosos. Bronzeado de verão – fora do verão. Mas agora Ângela é mais do que um corpo. Ela é uma estrela do Twitter. Há dois meses, de brincadeira, abriu uma conta e começou a postar comentários sobre sexo – segundo ela, “preliminares” do livro que está escrevendo: Os meus dez mandamentos do amor escritos sobre o monte de Vênus. De duas dezenas de seguidores, passou a quase 30 mil. Sua agenda está repleta de convites e entrevistas na TV. Tem sido chamada para lançamentos de produtos e até transmissão de jogos de futebol. Todos os dias, à noite, quando chega da malhação ou das reuniões na clínica de estética recém-inaugurada, Ângela toma um banho e senta-se na cama com seu laptop. Então começam as rapidinhas: dicas sexuais de 140 caracteres. “Estou feliz de ter a chance de mostrar meu lado intelectual”, afirma. Os tweets de Ângela vão desde informações científicas, como as médias de duração do orgasmo feminino e do masculino, até conselhos eróticos, como as principais zonas erógenas. “Mas sou contra a pornografia. Sou família, caseira”, diz. Em sua sala de estar, no apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, há um pôster de uma das dez vezes em que posou nua para revistas masculinas. “Posei sem problemas e sem precisar beber champanhe para relaxar”, afirma. Ela é casada com o cirurgião plástico Wagner Moraes, que ela define como o amor de sua vida e “o homem que a fez gostar de sexo”. É seu segundo marido com a mesma profissão. O primeiro, Ox Bismarchi, de quem ela adotou o sobrenome, foi assassinado em 2002, num assalto na porta de casa. Dois anos antes, Ângela tinha ficado conhecida por sua performance na avenida do samba.
Usando apenas um tapa-sexo e uma pintura da bandeira do Brasil no corpo, ela causou polêmica ao desfilar pela escola Porto da Pedra. Naquele ano, já tinha no currículo cinco plásticas feitas pelo marido. De lá para cá, ano a ano, faz outras peripécias estético-carnavalescas. Em 2008, uma cirurgia plástica reversível nos olhos para desfilar como oriental, já que o Japão era tema do samba-enredo; depois, aproveitou para operar as pálpebras, que, segundo ela, estavam caídas. Pergunto se ela fez tantas plásticas por ter se casado com cirurgiões plásticos ou se os escolheu justamente para isso. Ângela ri. Conta que teve relacionamentos com homens de outras profissões. Um deles, o pai de Igor, seu único filho, de 19 anos, que só adolescente foi morar com ela. Agora Ângela garante que encontrou o par ideal.
“As pessoas sempre me viam muito sensual, mas a verdade é que eu era uma mulher travada”, diz. Nascida em Cascadura, subúrbio do Rio, numa família de classe média baixa, ela diz que foi criada por um pai conservador. Um dos seis irmãos é pastor evangélico, religião com a qual Ângela diz simpatizar, embora prefira seu “canal próprio com Deus”. O primeiro beijo, afirma, foi aos 16 anos; a virgindade, diz ter perdido aos 22. Na primeira vez. No ano passado, pouco antes de oficializar o atual casamento, fez uma cirurgia de reconstituição do hímen. “Foi um presente para ele, que ficou muito excitado.” O livro em preparação é uma espécie de autobiografia comentada: ela relata o que já viveu na cama, e sexólogos e psicólogos analisam. Ângela não vai usar o próprio nome. No livro, ela é Afrodite, a deusa do amor. Wagner é Eros, seu par: “As pessoas vão adorar e se identificar muito. Todos querem amor e sexo, mas poucos conseguem encontrar de verdade”.
Conta que, pelo Twitter, recebe pedidos de ajuda de mulheres e homens. Não consegue socorrer a todos. Mas tenta. “Outro dia uma moça disse que o marido não a procurava mais. Ela achou que ele estava impotente, mas percebeu que de manhã o rapaz tinha ereções. Vou falar o que, sem conhecer essa mulher? E se ela estiver um bagulho?” Ângela não tem vergonha de cuidar do corpo ao extremo. No Twitter, diz que é importante ser uma “atleta do sexo”. Mesmo com tudo em cima, não conta a idade. “Põe aí que é entre 30 e 40.” Na Wikipédia, aparece com 38 recém-completados. Ela sabe que nem todos os seus seguidores a levam a sério. “Muita gente só quer zoar. Mas muitos também estão aprendendo comigo”, afirma. Quando alguém a ofende, ela bloqueia. Com o tempo, espera angariar mais respeito. Acredita que, além do sucesso no Twitter, o lançamento do livro também mudará sua vida. “Quem disse que mulher bonita não pode ter Q.I.?”, diz. Seu sonho é ser apresentadora de televisão – seja para falar de sexo ou de temas gerais. Por dois meses Ângela esteve à frente de um programa de entrevistas. Mas a emissora só o colocava no ar no Maranhão. “Nada contra o Maranhão, mas eu sou nível Brasil, né?” Martha Mendonça

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