25 de nov. de 2011

Oração por Marilyn Monroe

Senhor,
recebe a esta moça conhecida em toda parte pelo nome de Marilyn Monroe mesmo que esse não fosse seu verdadeiro nome (mas Tu conheces seu verdadeiro nome, o da pequena órfã violada aos 9 anos e da empregadinha de loja que aos 16 anos já queria se matar)
e que agora se apresenta diante de Ti sem maquiagem
sem um agente de imprensa
sem fotógrafos e sem dar autógrafos
solitária como um astronauta diante da noite espacial.

Ela sonhou quando menina que estava nua numa Igreja (pela versão do Time)
ante uma multidão prostrada, com as cabeças no chão
e tinha de caminhar pé ante pé para não pisar nas cabeças.

Tu conheces nossos sonhos melhor que os psiquiatras – Igreja, casa, cova são a segurança do seio materno
mas também algo mais que isso...
As cabeças são os admiradores, é claro
(a massa de cabeças na escuridão debaixo do facho de luz).

Mas o templo não são os estúdios da 20th Century Fox.
O templo – de mármore e ouro – é o templo de seu corpo em que está o Filho do Homem com látego na mão
expulsando os mercadores da 20th Century Fox
que fizeram de Tua casa de oração um covil de ladrões.

Senhor,
neste mundo contaminado de pecados e radioatividade
Tu não culparás tão-somente a empregadinha da loja.
Que como toda empregada de loja sonhou ser estrela de cinema.
E seu sonho tornou-se realidade (mas com a realidade do technicolor).

Ela não fez senão atuar conforme o script que lhe demos
- O de nossas próprias vidas – e era um script absurdo.

Perdoa Senhor e perdoa-nos a todos pela nossa 20th Century Fox
por esta Colossal Superprodução em que todos nós trabalhamos.

Ela tinha fome de amor e lhe demos tranqüilizantes,
para a tristeza de não ser santos, recomendamos-lhe a Psicanálise.

Lembra-te Senhor de seu crescente pavor à câmera
e o ódio à maquiagem – insistindo em maquiar-se em cada cena –e como foi se tornando maior o horror
e maior a impontualidade nos estúdios.

Como toda empregada de loja
sonhou tornar-se estrela de cinema.
E sua vida foi irreal como um sonho que um psiquiatra interpreta e arquiva.

Seus romances foram um beijo com os olhos fechados
que quando se abrem
descobre-se que foi sob os refletores
e apagam os refletores!
e desmontam as paredes do aposento (era um set cinematográfico)
enquanto o Diretor se afasta com sua caderneta porque a cena já foi filmada.
Ou uma viagem de iate, um beijo em Cingapura, um baile e no Rio
uma recepção na mansão do Duque e da Duquesa de Windsor
vistos na TV de um apartamento miserável.

O filme terminou sem o beijo final.
Foi achada morta em sua cama com a mão no telefone.
E os detetives não souberam a quem ela ia chamar.

Foi como alguém que discou o número da única voz amiga
e ouviu apenas a voz de uma gravação que diz: Número Incorreto.
Ou como alguém que ferido pelos gangsters
estende a mão a um telefone desligado.

Senhor,
quem quer que tenha sido quem ela queria chamar
e não chamou (e talvez fosse ninguém
ou era Alguém cujo número não está na Lista de Los Angeles)
atende Tu ao telefone!
Ernesto Cardenal



Norma Jean Baker




Um dos maiores símbolos sexuais já produzidos por Hollywood, Norma Jean Baker Mortenson (seu nome verdadeiro) nasceu em Los Angeles Califórnia e viveu parte da infância em orfanatos.

Casou-se aos 16 anos, com James Dougherty, e aproveitou quando o marido serviu na 2ª Guerra para tentar a sorte no cinema.

Monroe, que trabalhou primeiro como modelo fotográfico e posou para nus, conseguiu em 1953, com os filmes Torrentes de Paixão e Os Homens Preferem as Louras, os primeiros sucessos cinematográficos, tornando-se uma das mulheres mais desejadas de seu tempo.

A produtora 20th Century Fox incentivou sistematicamente a imagem da atriz como símbolo sexual carregado de ingenuidade, estereótipo de que Monroe não conseguiu se libertar, embora tivesse representado personagens mais sérias.
Divorciada de James Dougherty, casou-se com o ex-jogador de beisebol Joe Di Maggio e com o dramaturgo Arthur Miller.

Teve um romance com o ator francês Yves Montand durante as filmagens de "Adorável Pecadora" (1960), e teria mantido relações jamais esclarecidas com o então presidente John Kennedy e com seu irmão, Robert.

A hipótese de que ela teria sido amante dos Kennedy ganhou força quando se constatou que sua casa foi vasculhada - supostamente por agentes da CIA - antes da chegada da polícia no dia em que morreu, devido a uma overdose de sedativos e barbitúricos.

Mas não existem provas concretas, apenas suposições e depoimentos - alguns dos quais aparecem no documentário inglês "Marilyn e os Kennedy" (1985).

No fim, a glamurosa loura de Hollywood morreu durante seu sono com a jovem idade de 36 anos em 05 de agosto de 1962, depois de seu último filme, Os Desajustados, rodado em 1961 por John Huston a partir de um roteiro elaborado por seu último marido, Arthur Miller.

Elton John e Bernie Taupin escreveram uma vez sobre Marilyn, "A vela se apagou muito antes do que a lenda que ainda continua acesa".

Sua "vela" pode ter se apagado, mas as chamas de Marilyn brilham mais forte do que nunca.


Veja também:

Candle In The Wind


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