12 de fev. de 2012

Sofrer Não é Tão Ruim - Parte 1

PORQUE SOFREMOS

Nós fomos criados todos, indistintamente, para a perfeição e quanto a isto creio não existir dúvida alguma.

O conhecimento espiritual, em parâmetro mais aprofundado, nos induz à reformulação da idéia acerca do sofrimento, esclarecendo-nos o quanto ele é útil e importante para o nosso despertamento, de forma a colaborar no sentido de sairmos da morte do erro para as alegrias da imortalidade gloriosa. A Terra não é uma escola pronta, acabada, é escola preparatória de aperfeiçoamento, e no trabalho de redenção, seja individual ou coletivo, a dor é sempre aquele elemento amigo e indispensável, oportunidade concedida por Deus às criaturas em todos os tempos.

O divino criador permite que escolhamos nosso caminho, e até mesmo que, por mau uso do livre-arbítrio façamos incursões menos felizes nas estradas evolutivas, quando a dor é convocada à tarefa de nos reconduzir ao equilíbrio. Em outras palavras, quando usamos mal as prerrogativas de ação que a liberdade de escolha nos faculta saímos de uma linha de espontaneidade e entramos em uma linha compulsória. Por nossa rejeição à opção do amor a dor é o mecanismo que ainda necessitamos para restabelecer o equilíbrio, como resposta que a ignorância conduz aos desatentos e, também, a lapidadora das arestas morais.

Sofrimento é componente favorável à evolução, visa sempre o despertar da alma para os seus deveres. O caminho evolutivo está sempre repleto de aguilhões, e graças a Deus está. De outro modo não enxergaríamos a porta redentora. Sendo assim, sofremos por necessidade em favor de nós mesmos e não se pode desconsiderar a dor que instrui e ajuda a transformar o homem para o bem.

Vamos sorrir mais para a vida, e chega de maldizer o sofrimento. Ele é útil, bom e providencial. A dor é muitas vezes uma lâmpada maravilhosa. As lágrimas purificam, as dores corrigem e o diamante não é lapidado com pétalas de rosas.

O sofrimento pode ser visto sob dois ângulos ou enfoques: de baixo para cima (de onde estamos para o superior) e de cima para baixo. Do inferior para o superior temos a percepção de que sofremos hoje porque de alguma forma erramos ontem. De cima para baixo não sofremos hoje porque erramos ontem, a percepção é nítida, ocorre é que recebemos a oportunidade de repetirmos a experiência, de saldarmos os nossos débitos e seguirmos crescendo a caminho da evolução ao Pai. É por esta razão que cada problema que nos alcança não vem de graça, sem objetivo, é instrumento didático. É a luta aperfeiçoando a vida até que a vida se harmonize sem lutas com os desígnios sábios do Senhor.

É óbvio que ninguém gosta de sofrer, afinal, sofrimento é sinônimo de angústia, aflição, amargura, é padecer, ser atormentado, afligido por. Como elemento positivo e oportunidade de redenção, que objetiva nos conduzir a um processo de reflexão, têm em seu interior aspectos mais morais do que necessariamente físicos, tanto que podemos classificá-lo sob o aspecto físico e espiritual.

A dor moral é essência, o sofrimento do espírito representa a dor realidade, porque somente a dor espiritual é grande e profunda o suficiente para promover o trabalho de aperfeiçoamento e redenção. O sofrimento físico por sua vez, de qualquer natureza, define a dor ilusão, a dor física indica o fenômeno, razão porque ela vem e passa, ainda que se mantenha após a morte do corpo.

E se o sofrimento tem um cunho de natureza intrínseca, é muito importante retificarmos a idéia fechada que trazemos de longa data acerca dos que sofrem.

De modo geral, enquanto espíritos encarnados, apenas enxergamos os aleijados do corpo, os que perderam o equilíbrio corporal, aqueles que se arrastam no solo com defeitos escabrosos. Todavia, aquele que está sofrendo agora em uma cama de hospital, o idoso abandonado no asilo, a criança desnuda perambulando pela rua, o mendigo faminto aos olhos indiferentes dos transeuntes, são parcelas de sofredores que extensivamente se mostram aos nossos olhos.

Porque em nosso círculo de ação, na casa de parentes ou de pessoas próximas a nós, dentro de nossa própria residência, existem sofredores também. Pois cada criatura tem o seu enigma, a sua necessidade e a sua dor, sem contar que não possuímos suficiente visão para identificarmos os doentes do espírito, os coxos do pensamento, os deformados do sentimento, os aniquilados de coração.

E o sofrimento pode apresentar finalidades distintas para indivíduos debaixo de um mesmo quadro. Nós podemos perfeitamente ter duas criaturas debaixo de mesma sintomatologia, de mesmo diagnóstico, mas sob causas diferentes. Não é tão raro de acontecer. O sofrimento para um pode ter o objetivo de despertar e para o outro pode ser pagar, quitar. Percebeu? No caso do despertar, o papel da respectiva dificuldade é projetar o ser. Isto é, a criatura se projeta e sara, restabelece-se, a sua entrada em um terreno novo por si só propicia o saneamento do processo. Por outro lado, quando a questão é pagar a criatura tem que respaldar com calma e tranquilidade a sua própria dificuldade. Não adianta chorar, esbravejar, gritar, fechar a cara, revoltar-se. Aquele que semeou lá atrás tem que se contentar com paciência no regime da colheita.
Continuação

Estudos Aprofundados do Evangelho

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