3 de ago. de 2012

Comodismo, medo e status levam homens a manter relacionamentos infelizes


A promessa "até que a morte nos separe" é cada vez menos cumprida pelos casais. A possibilidade de se divorciar com mais facilidade e ter a esperança de iniciar uma nova vida com outra pessoa faz com que muitos relacionamentos acabem. 


De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os divórcios aumentaram 20% em dez anos. 


Para o psicanalista Mauricio Sita, autor do livro "Vida Amorosa 100 Monotonia" (Editora Viver Melhor), é mais frequente que a mulher tome a iniciativa de se separar, ainda que o parceiro também esteja insatisfeito. "O homem não gosta de ser o responsável pelo rompimento", afirma. 
Segundo o psicanalista, quando a relação vai mal, é muito comum o homem criar armadilhas para que a mulher tome a iniciativa de terminar. "Ele fica distante, economiza atenção e carinho, prioriza o trabalho e os programas com os amigos", explica o especialista. Dessa maneira, ele vai minando o relacionamento e forçando-a a agir. O psicólogo Ailton Amélio da Silva, professor da USP (Universidade de São Paulo), diz que, na maioria das vezes, as discussões sobre o relacionamento são iniciadas pelas mulheres. "Em geral, elas se incomodam e buscam reverter a situação; querem melhorar ou terminar de vez", explica Silva.
Maurício Sita explica que um dos motivos que mais perturba o homem, ao assumir a iniciativa de romper um relacionamento, é ter de se justificar para a parceira. "Ele evita tomar a decisão porque sabe que a mulher o questionará, e os homens detestam ter de dar explicações".
A psicóloga Denise Diniz, coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) afirma que, culturalmente, o homem é considerado o provedor  e terminar o relacionamento é o mesmo que abandonar a família. "Eles costumam encarar uma separação como sinal de fracasso e têm mais dificuldade de lidar com isso”. Segundo ela, é muito mais cômodo para o homem dizer que foi a mulher que o dispensou a ter de assumir que a deixou. 
Além disso, as mulheres são mais sentimentais. "Para elas, a falta de amor é motivo para terminar uma relação. Já os homens analisam todas as dificuldades de uma separação", diz Denise. O fim do amor não é determinante para o rompimento na cabeça do homem. Ele avalia outros aspectos, como o social, financeiro e até o companheirismo. "A relação pode estar ruim, mas estabilidade é fundamental para o sexo masculino”, explica.
Sita diz que os homens detestam se desestabilizar. Se a relação sexual esfriou e só acontece de vez em quando, tudo bem. "Para o homem é melhor estar mal acompanhado do que só. Se o sexo acontecer vez ou outra, ótimo", diz Silva. E, se diminuir demais, ele pensará em procurar outra e viver uma vida dupla. "Mas, mesmo tendo outra na jogada, dificilmente cederá à pressão e terminar o relacionamento", diz Denise, que concorda com os especialistas, os homens preferem uma rotina medíocre a ter de enfrentar mudanças. 

RAZÕES QUE IMPEDEM OS HOMENS DE ROMPER O RELACIONAMENTO:

1. Comodismo: família e casa estabelecidas, convivência diária com os filhos e uma mulher para transar, mesmo que seja de vez em quando, é o suficiente para manter muitos homens em um relacionamento. Eles gostam de estabilidade.

2.  Medo: se afastar dos filhos e da companheira que sempre cuidou de tudo para ele pode ser assustador. Há homens que temem não encontrar outra parceira e deixar a mulher livre para outras aventuras.

3. Fuga: quando um homem quer terminar, ele tende a aumentar os custos e diminuir os benefícios, empurrando para a mulher a iniciativa de romper. Para ele, dialogar e assumir a responsabilidade pela separação é um peso.

4. Receio do julgamento: alguns preferem evitar a separação para não abandonar a parceira e os filhos. No fundo, os homens receiam ser julgados pela sociedade.

5. Status: é importante para o homem mostrar para a sociedade que tem uma família, pois isso ainda é sinônimo de status social e pode lhe favorecer no ambiente profissional e familiar.
Simone Cunha 


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