27 de dez. de 2012

Febre tropical



Surgidos na califórnia nos anos 60, os buggies provocaram uma revolução nas praias de todo o mundo. Mas coube ao Brasil o projeto do mais belo modelo já produzido desse automóvel

Assim como o biquíni, o topless e o surf, o buggy causou uma verdadeira revolução nas praias de todo o mundo, influenciando no comportamento das diferentes tribos adeptas à mistura de sol, mar e areia. Surgidos no início da década de 1960 na Califórnia, os primeiros exemplares já apresentavam a receita ainda hoje utilizada em sua construção: carroceria moldada em fibra de vidro montada sobre o chassi encurtado e a mecânica do Fusca.

Prático, leve e imune à ferrugem, com aptidão para enfrentar as mais desafiadoras dunas, o conceito foi desenvolvido para as provas de rali em regiões desérticas. Mas rapidamente converteu-se em carro de lazer e símbolo de liberdade, sobretudo nas mãos de surfistas, que enxergavam um meio de transporte rápido, barato e eficiente para percorrer o litoral com suas enormes pranchas.

No Brasil, a febre chegou com força no fim dos anos 1960 e continuou crescendo até meados da década seguinte, quando o mercado nacional chegou a registrar mais de 20 fabricantes diferentes, com os buggies ocupando uma importante fatia no ranking de vendas.

Boa parte dos modelos era cópia das versões americanas. Mas um projeto roubou a cena, seja pela beleza ou pela inovação de suas linhas. Lançado em 1969 com layout do renomado designer Anísio Campos, o buggy Kadron diferenciava-se pelos faróis embutidos na carroceria e pela barra tipo targa, semelhante à empregada em automóveis esportivos.

Vale lembrar que as dez primeiras unidades foram vendidas com o nome de Bugue Tropi, referência não só ao projeto feito nos “trópicos”, mas também ao movimento tropicalista que embalava a cultura brasileira. “Depois adotou-se o nome do fabricante, Kadron, fornecedor de peças automotivas”, conta o despachante Fábio Luís Batista, 38 anos, dono de um raro exemplar construído sobre a mecânica de um Volkswagen 1974. “Esses carros são peças raras, de coleção, podendo valer mais de 30 mil reais”, afirma. “O mais curioso é que não eram vendidos prontos; mas, sim, em forma de kit. Você podia montá-lo na garagem de casa. Quase como um brinquedo de praia!”
Luiz Guedes Jr

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