28 de abr. de 2013

Boas histórias, grandes canções


"Suponho que compor canções é a essência do meu legado", disse Paul McCartney no vídeo de divulgação de sua turnê anterior, "On the Run". Porém, mais do que o ofício de hitmaker, o ex-Beatle é protagonista ou personagem de histórias que estão na origem e na recepção de suas canções. 

No repertório da nova turnê, "Out There!" - que o público de Belo Horizonte terá a primazia de ver, no dia 4 de maio, no Mineirão -, devem constar músicas que têm curiosidades saborosas por detrás. 

E algumas delas ajudaram a mitificar tanto os Beatles quanto Paul.

"As músicas deles viraram ‘obras abertas’. As pessoas ouvem, leem e interpretam da maneira que querem. O Charles Manson (criminoso que liderou a chamada Família Manson, que assassinou a atriz Sharon Tate) ficava buscando significados nas músicas no ‘Álbum Branco’ e utilizava isso para convencer pessoas do seu grupo a matar", observa o jornalista e pesquisador Ricardo Schott. 
Manson, só para citar um exemplo, via na letra de "Helter Skelter" a afirmação de que uma guerra entre brancos e negros iria acontecer e era necessário "se defender".

O pesquisador Ricardo Pugialli, autor de "Os Anos da Beatlemania", em parceria com Marcelo Fróes, conta que a partir de 1965, dois anos depois do lançamento do primeiro álbum, "Please Please Me", o grupo deixou de retratar amores juvenis e aprimorou seu trabalho. Uma das que ele cita como exemplo é "Eleanor Rigby", que Paul interpreta regularmente em shows. Até hoje a história por trás dessa música, incluída em "Revolver" (1966), suscita dúvidas sobre a personagem solitária que dá nome a ela, se de fato existiu ou não. 

"O Paul garantiu em entrevistas que essa pessoa não existe", salienta Pugialli. Mas existiu uma Eleonor Rigby em Liverpool e está enterrada em um cemitério da cidade, "frequentado" por Lennon e McCartney durante a infância.

Outra música com foco em um personagem é "Hey Jude", de 1968, grande momento das apresentações de Paul, com participação da plateia. Começou como um alento a Julian, filho de John Lennon, que via o pai se divorciar da mãe, Cynthia, para ficar com Yoko Ono. Inicialmente se chamava "Hey Jules", apelido da criança. É a gravação mais longa dos Beatles - ultrapassa sete minutos. E também a faixa do grupo que mais tempo permaneceu no primeiro lugar das paradas de sucesso norte-americanas - nove semanas. O compacto com a faixa vendeu oito milhões de exemplares.

"Yesterday" também tem curiosidades que hoje soam um tanto irônicas. Lançada em "Help!" (1965), a faixa traz apenas Paul no vocal e no violão e um quarteto de cordas. O produtor George Martin não gostava do fato de incluí-la em um álbum dos Beatles. Mas o empresário da banda à época, Brian Epstein, acabou convencendo-o. Porém, os outros membros da banda impediram o lançamento da música como single na Inglaterra. Mesmo assim, a canção se tornou a mais regravada de todos os tempos. O resto é história.
Renato Vieira

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