12 de mai. de 2009

Fantasma oculto

Súbita mão de algum fantasma oculto Entre as dobras da noite e do meu sono Sacode-me e eu acordo, e no abandono Da noite não enxergo gesto ou vulto. Mas um terror antigo, que insepulto Trago no coração, como de um trono Desce e se afirma meu senhor e dono Sem ordem, sem meneio e sem insulto. E eu sinto a minha vida de repente Presa por uma corda de inconsciente A qualquer mão noturna que me guia. Sinto que sou ninguém salvo de uma sombra De um vulto que não vejo e que me assombra, E em nada existo como a treva fria. Fernando Pessoa

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...