O tipo de gordura que as mulheres ingerem pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de endometriose (problema que acontece quando o endométrio, o tecido que reveste o útero, passa a crescer em outras áreas do corpo). Estima-se que de 10% a 15% da população feminina em idade fértil tenha a doença.
A pesquisa, feita na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e publicada no periódico "Human Reproduction", é a primeira a mostrar uma relação clara entre hábitos alimentares e risco de endometriose e a maior já feita sobre o assunto, de acordo com os especialistas.
Depois de avaliar a dieta de mais de 70 mil mulheres norte-americanas nos últimos 12 anos, os pesquisadores concluíram que aquelas que ingeriram maiores quantidades de alimentos ricos em ômega-3 tinham 22% menos chance de desenvolver endometriose, enquanto que as mulheres com dietas ricas em gordura trans tinham 48% mais risco.
A explicação, segundo Maurício Abrão, presidente da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia e responsável pelo setor de endometriose do Hospital das Clínicas da USP, é que o risco de ter a doença cresce devido a uma resposta inflamatória do organismo à gordura trans.
"Já havia outros estudos que suspeitavam da relação entre alimentação e endometriose, mas nenhum com uma amostragem tão grande", afirma o ginecologista.
Hábitos saudáveis
Carlos Alberto Petta, professor de ginecologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose, afirma que a pesquisa se soma a outros estudos que já haviam relacionado a doença ao estresse, à ansiedade e à depressão.
"É um trabalho muito importante, porque pouco se sabe a respeito da prevenção da endometriose. Agora, sabemos que, como acontece no caso de várias outras doenças, a endometriose pode ser prevenida ou diminuída se a pessoa adotar hábitos de vida saudáveis", afirma Petta.
O ginecologista diz que dietas saudáveis devem ser orientadas não apenas para pacientes com endometriose mas também a mulheres com parentes de primeiro grau que tenham a doença. Irmãs, filhas e primas das portadoras têm dez vezes mais risco de ter o problema, segundo Petta, e esse tipo de prevenção pode ajudar a não desenvolvê-lo.
De acordo com os especialistas, é comum que somente as mulheres com muitos sintomas de endometriose acabem sendo diagnosticadas. "Muitas outras ainda têm a doença, mas suportam os sintomas e não buscam ajuda. O ideal é que procurem orientação médica e não achem que é normal sofrer de cólicas fortes e de infertilidade", diz Petta.
Mariana Versolato
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