É fato que todos carreamos conosco o somatório de reflexos que viemos arregimentando e formalizando no psiquismo ao longo dos milênios.
É no próprio patrimônio íntimo que a alma registra as suas experiências no aprendizado das lutas da vida, todas as características morais que incorporamos em cada existência física ficam incrustadas em nosso organismo perispiritual.
Assim, padrões morais de um espírito são herdados do próprio espírito e cada espírito é um arquivo de si mesmo, trazendo nos caminhos da vida os arquivos de si próprio. Todas as trajetórias, desde as mais recuadas, nele se encontram gravadas, podendo ser penetradas quando circunstâncias permitem e por quem esteja habilitado a fazê-lo. Dessa forma, os maus exibem o inferno que criaram para o íntimo enquanto os bons revelam o paraíso que edificaram no coração.
E todo passado milenar apresenta para nós um sistema em bloco. Ao entrar-se na reencarnação miríades de caracteres formam esse bloco, envolvendo toda a experiência de trás e embutida dentro da individualidade. Ela carrega essa mochila, esse bloco, e é impossível deixar essa bagagem para trás e pegar uma mala com novos caracteres zero quilômetro de tendências e registros. Não tem jeito, todos esses registros embutidos acompanham a criatura e são fatores didáticos de aprendizagem que nos projetam para um crescimento a Deus.
Por isso, é comum entender que por estar a maioria dos homens em lutas expiatórias é possível figurá-los como alguém que luta para desfazer-se do seu próprio cadáver que é o passado culposo, de modo a ascender para a vida maior.
O mestre Jesus define que “não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada”, e nós sempre estaremos fazendo reformas na casa mental com base na clareza que a nossa percepção já apresenta, à medida que nós avançamos.
A vida é uma eterna dinâmica e não tem quem não muda. A cada momento padrões sugerem mudança, tanto que a expressão reforma é inerente ao crescimento do espírito na sua linha de evolução. E por enquanto essa derrubada das pedras se dá de forma apocalíptica, por meio dos impactos circunstanciais que nos chegam de fora para dentro em razão da lei que descumprimos.
E o que constatamos é que estamos muitas vezes circulando dentro de um túnel, comumente somos apanhados dentro de um. Somos apanhados na luta reeducacional, ou uma luz nos toca, quando nos encontramos dentro de um túnel.
Achamo-nos vez por outra dentro de um túnel e toda a sombra em volta, toda a complicação, foi criada por nós mesmos lá atrás, mediante escolhas menos felizes que fizemos. E a vida nos coloca nesse ponto até para que reflitamos. É comum procurarmos a luz por estarmos inquietos pela solidão da treva, acordamos no meio das dificuldades e nessa hora haja prece, haja pedido, haja solicitação e vibração para que a gente possa se desonerar desse sistema difícil.
É um túnel escuro, sem dúvida, e a gente vê uma abertura e claridade na ponta.
Agora, temos que percorrer atrás dessa abertura com paciência para poder sair. Estamos pensando em melhorar posturas, mas ainda sujeitos ao trânsito denso do túnel em que vivemos. Estamos pensando na luz, a nossa semente está produzindo luz, porém, achamo-nos, ainda, em meio às trevas. A solução é sairmos desse túnel, não podemos simplesmente explodi-lo, do contrário fechamos a saída e podemos até ficar por mais algumas reencarnações na confusão toda.
Somos continuamente apressados. De forma geral, muitos querem o homem aperfeiçoado de um dia para outro, o querem rigorosamente redimido a golpe instantâneo da vontade, de forma imediata, apressada, sem realização metódica.
É comum arregimentarmos valores informativos e querermos que esses valores sufoquem e matem, instantaneamente, o homem velho. Esse é o nosso caráter imediatista.
Também achamos que no plano do crescimento espiritual a conversa é o componente básico e finalístico, capaz inclusive de causar a total reversão de um coração. Mas não é bem assim, aliás, isso define um erro muito triste. É claro que a verbalização é componente inarredável. Podemos pela linha articulada distribuir sementes, como também receber sementes, sabendo que há sementes que germinam rápido, outras não tão rápidas, e outras demoradamente.
Mas não é pela palavra, não é simplesmente pela persuasão que nós vamos garantir uma total operação e alteração no psiquismo de alguém. Podemos pela dose de amor que veiculamos na palavra, que é uma porta que se abre, ajudar e muito, até dar passos importantes com alguém. Porém, precisamos saber que se a grande massa do planeta tem evoluído no decorrer da paciência do tempo, dentro dos padrões e lances do nosso crescimento não se faz ou não se dá passos efetivos e finalísticos em um curto espaço de tempo. Em se tratando de estrutura educacional, psíquica e espiritual é preciso desativar a pressa.
É porque esses caracteres embutidos e já solidificados em nossa personalidade não são extirpados através de atitudes milagreiras de momento. Não existe a possibilidade de desativarmos reflexos por sistemas mecânicos ou elaborações mentais de periferia. Essas cristalizações de um longo período no inconsciente não podem ser arrancadas com algumas palavras e induções psicológicas de breve duração. O vício não cede o lugar sem luta, é necessário destronar um elemento para que o outro impere.
As soluções virão no plano operacional, não no conceitual. Isso é para ser sempre lembrado. A nossa mudança é operacional, não é conceitual, embora a mudança conceitual seja a forma que vai modelar essa mudança operacional e final.
Ficou claro? Precisamos mesmo manter e nutrir a linha conceitual, idealística. Por isso lemos, estudamos, nos interessamos por leituras instrutivas e esclarecedoras.
Porque se eu não mantiver a linha conceitual clara e segura, e não nutri-la de valores de segurança, na primeira esquina eu desisto e volto para a antiga sistemática de ação. Logo, nós podemos fechar uma página de estudo deste blog com muitos esboços dentro de nós, esboços esses que apresentam uma mentalidade mais equilibrada, mais harmônica. Mas já podemos desmanchar o esboço ao desligar o computador, discutindo com alguém, entrando em algum desajuste.
Em um estudo como este estamos trabalhando as linhas estruturais do campo mental, onde está a origem, a gênese de toda nossa iniciativa de crescimento. Porque o plano mental é o plano informativo desses caracteres, esboçando caracteres, e esse esboço vai ser fundamentado no plano prático realizador do dia a dia.
É preciso sequência e ritmo. Muitas pessoas buscam impor a si mesmas, violentando-se mediante uma terapia de choque, qual se dá com o fanático. Fanatismo é processo cristalizado, em que podemos meramente implementar e não realizar. É aquela criatura que se investe de uma maneira definitiva e violenta, sem medir consequências. E não é o caminho adequado. Falamos em túnel escuro e a luz direta e intempestiva pode cegar. Não tem outra, todo fanático é cego, ele recebe algo novo no sermão e acha que tem que ser assim. Pela teoria do choque a individualidade não está tendo a paciência de construir a si própria.
Não esqueçamos que a luz deve ser refletida com autenticidade para se poder ver com clareza. O processo ascensional tem que ser passo a passo, eu não posso sair de uma reunião e achar que sou outro. Outro, coisa nenhuma, eu posso ser outro com novas idéias, mas o meu espírito ainda é o mesmo, cheio de marcas.
2 comentários:
e quem é que tem pressa aqui:-/
ainda mais em se corrigir!?
(tô brincando)
Meu mestrado será em atrasos :)
"Subo por mim acima como por uma escada de corda,
E a minha Ânsia é um trapézio escangalhado..."
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