Saí de casa nesta tarde de domingo de chuva torrencial para ir ao cinema ver a história verídica de um tetraplégico de nome Mark O’Brien que decidiu perder a virgindade aos 38 anos.
Mas talvez haja que acrescentar algo para perceberem que valeu a pena.
“Seis sessões” é um filme surpreendente, intenso, comovente, bem realizado, com grandes interpretações de John Hawkwes (no papel de O’Brien) e de Helen Hunt no papel da terapeuta sexual Cheryl.
Não devo ter sido a única rendida ao filme pois “Seis Sessões” foi a grande sensação do festival de cinema Sundance 2012, vencendo dois prémios, incluindo o prémio da audiência (prémio que voltou a receber no festival de San Sebastián).
O´Brien, poeta e jornalista, contraiu poliomielite com apenas seis anos e ficou limitado a viver dentro de uma câmara de oxigénio, da qual só pode sair algumas horas por dia.
Apesar da limitação da sua condição, O’Brian decide lutar pela felicidade e, ao receber a proposta para escrever um artigo sobre o sexo nos deficientes, entrevista vários deficientes e acaba por desejar perder a virgindade. Para o ajudar a concretizar o seu objetivo conta com a ajuda de uma terapeuta sexual, com a cooperação dos seus assistentes pessoais e com os conselhos do padre Brennam (William Macy).
Cheryl Cohen-Greene interpretada no filme por Helen Hunt |
John Hawkes tornou-se conhecido com "Despojos de Inverno", que lhe rendeu uma nomeação para Oscar de Melhor Ator Secundário. A partir daí, sem sair de um universo cinematográfico mais alternativo, participou em dois grandes filmes antes de “Seis Sessões”: “Contágio”, de Steven Soderbergh e um dos hits indies de 2011 “Martha Marcy May Marlene”.
Quanto a Helen Hunt, teve a sua época de ouro no final da década de noventa (com destaque para o Oscar por “Melhor É Impossível”). Nos últimos anos tem tido menor destaque em filmes como a adaptação de Oscar Wilde, “Uma Boa Mulher” (2004), estreando-se na realização com “Até que Me Encontrou” (2007), filme que contou com Bette Midler e Colin Firth no elenco. Neste filme a sua atuação volta a ser … luminosa.
As pessoas apaixonam-se, fazem amor e escrevem poemas e depois? O que acontece depois? É esta a história de O’Brien. O esforço de O’Brien por sentir, por se apaixonar, por amar leva-nos a pensar que, afinal, no campo do amor, talvez desistamos depressa demais.
Um filme sobre a descoberta do sexo, sobre o amor, sobre a ambivalência entre o medo e o desejo da intimidade.
Joana Miranda
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