31 de mai. de 2007

Tua mão em mim


Você me acorda no meio da noite
e eu que navegava tão distante
cravada a proa em espumas
desfraldados os sonhos
afloro de repente entre as paradas ondas dos lençóis
a boca ainda salgada mas já amarga
molhada a crina
encharcados os pêlos
na maresia que do meu corpo escorre.
Cravam-se ao fundo os dedos do desejo.
A correnteza arrasta.
Só quando o primeiro sopro escapar
entre os lábios da manhã
levantarei âncora.
Mas será tarde demais.
O sol nascente terá trancado o porto
e estarei prisioneira da vigília.

Marina Colasanti
picture by Edward Hopper

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro Marina Colasanti e o marido dela, Afonso Romano de Santana.
Tenho vários livros dela.
E esse poema é especial.

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