3 de jan. de 2008

Um Século de Hipocrisia

É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar - bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês. Trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola...
Roberto Campos


O arquiteto Oscar Niemeyer completou um século de vida sob grande reverência da mídia. Ele foi tratado como "gênio" e um "orgulho nacional", respeitado no mundo todo. Não vem ao caso julgar suas obras em si, em primeiro lugar porque não sou arquiteto e não seria capaz de fazer uma análise técnica, e em segundo lugar porque isso é irrelevante para o que pretendo aqui tratar.

Entendo perfeitamente que podemos separar as obras do seu autor, e julgá-los independentemente. Alguém pode detestar a pessoa em si, mas respeitar seu trabalho. O problema é que vejo justamente uma grande confusão no caso de Niemeyer e tantos outros "artistas e intelectuais".

O que acaba sendo admirado, quando não idolatrado, é a própria pessoa. E, enquanto figura humana, não há nada admirável num sujeito que defendeu o comunismo a vida inteira. Niemeyer, sejamos bem francos, não passa de um hipócrita. Seus inúmeros trabalhos realizados para governos, principalmente o de JK, lhe renderam uma bela fortuna. O arquiteto mamou e muito nas tetas estatais, tornando-se um homem bem rico. No entanto, ele insiste em pregar, da boca para fora, o regime comunista, a "igualdade" material entre todos. Não consta nas minhas informações que ele tenha doado sua fortuna para os pobres. Enquanto isso, o capitalista "egoísta" Bill Gates já doou vários bilhões à caridade.

Além disso, a "igualdade" pregada por Niemeyer é aquela existente em Cuba, cuja ditadura cruel o arquiteto até hoje defende. Gostaria de entender como alguém que defende Fidel Castro, o maior genocida da América Latina, pode ser uma figura respeitável enquanto ser humano. São coisas completamente contraditórias e impossíveis de se conciliar. Mostre-me alguém que admira Fidel Castro e eu lhe garanto se tratar ou de um perfeito idiota ou de um grande safado.

E vamos combinar que a ignorância é cada vez menos possível como desculpa para defender algo tão nefasto como o regime cubano, restando apenas a opção da falta de caráter mesmo. Ainda mais no caso de Niemeyer. Na prática, Niemeyer é um capitalista, não um comunista. Mas um capitalista da pior espécie: o que usa a retórica socialista para enganar os otários. Sua festa do centenário ocorreu em São Conrado, bairro de luxo no Rio, para 400 convidados. Bem ao lado, vivem os milhares de favelados da Rocinha.

Artistas de esquerda são assim mesmo: adoram os pobres, de preferência bem longe. Outro aclamado artista socialista é Chico Buarque, mais um que admira Cuba bem de longe, de sua mansão. E cobra caro em seus shows, mantendo os pobres bem afastados de seus eventos. A definição de socialista feita por Roberto Campos nos remete diretamente a estes artistas:

"No meu dicionário, `socialista´ é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio, e prega igualdade social, mas se considera mais igual que os outros". Aquelas pessoas que realmente são admiráveis, como tantos empresários que criam riqueza através de inovações que beneficiam as massas, acabam vítima da inveja esquerdista. O sujeito que ficou rico porque montou um negócio, gerou empregos e criou valor para o mercado, reconhecido através de trocas voluntárias, é tachado de "egoísta", "insensível" ou mesmo "explorador" por aqueles mordidos pela mosca marxista.

Mas quando o ricaço é algum hipócrita que prega aos quatro ventos as "maravilhas" do socialismo, vivendo no maior luxo que apenas o capitalismo pode propiciar, então ele é ovacionado por uma legião de perfeitos idiotas, de preferência se boa parte de sua fortuna for fruto de relações simbióticas com o governo. Em resumo, os esquerdistas costumam invejar aquele que deveria ser admirado, e admirar aquele que deveria ser execrado. É muita inversão de valores!

Recentemente, mais três cubanos fugiram da ilha-presídio de Fidel Castro. Eles eram artistas, como o cantor Chico Buarque, por exemplo. Aproveitaram a oportunidade e abandonaram o "paraíso" comunista, que faz até o Brasil parecer um lugar decente. Eu gostaria de aproveitar a ocasião para fazer uma proposta: trocar esses três "fugitivos" que buscam a liberdade por Oscar Niemeyer, Chico Buarque e Luiz Fernando Verissimo, três adorados artistas brasileiros, defensores do modelo cubano. Claro que não seria uma troca compulsória, pois estas coisas autoritárias eu deixo com oscomunistas, que abominam a liberdade individual.

A proposta é uma sugestão, na verdade. Acho que esses três comunistas mostrariam ao mundo que colocam suas ações onde estão suas palavras, provando que realmente admiram Cuba. Verissimo recentemente chegou a escrever um artigo defendendo Zapata e Che Guevara. Não seria maravilhoso ele demonstrar a todos como de fato adora o resultado dos ideais dessas pitorescas figuras? Enfim, Niemeyer completa cem anos de vida. Um centenário defendendo atrocidades, com incrível incapacidade de mudar as crenças diante dos fatos. O que alguém como Niemeyer tem para ser admirado, enquanto pessoa?

Os "heróis" dos brasileiros me dão calafrios!
Eu só lamento, nessas horas, não acreditar em inferno. Creio que nada seria mais justo para um Niemeyer quando batesse as botas do que ter de viver eternamente num lugar como Cuba, a visão perfeita de um inferno, muito mais que a de Dante. E claro, sem seramigo do diabo, pois uma coisa é viver em Cuba fazendo parte da nomenklatura de Fidel, com direito a casas luxuosas e Mercedes na garagem, e outra completamente diferente é ser um pobre coitado qualquer lá. Acredito que esse seria um castigo merecido para este defensor de Cuba, que completa um século de hipocrisia sendo idolatrado pelos idiotas.
Rodrigo Constantino

Recebi este texto por e-mail enviado pela amiga Luciana (direto da Bélgica). É polêmico mas muito interessante, permite uma reflexão aprofundada. Só falta citar que se Cuba é este paraíso todo por que é proibido sair de lá? Alguém sabe me explicar?

4 comentários:

teresa disse...

Também penso assim. Sempre achei que quem gosta desses regimes comunistas deveria viver lá, e não aqui. Como viver num lugar onde não se está satisfeito com o modo de vida? São masoquistas? São infelizes? Exercitem sua liberdade vivendo onde lhes é ideal. Saiam daqui com sua hipocrisia!
Gosto de seu blog, sempre leio, volte logo!

Juh disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juh disse...

A principal diferença entre capitalismo e comunismo nao esta em filantropismo. Esta em dar as pessoas capacidade de viver com igualdade, sem precisar de esmolas. Bill Gates ajuda muitas pessoas, mas tambem eh a causa de pobreza de muitas outras. O que nao vemos eh que capitalismo eh um ciclo vicioso. So eh possivel existir pobreza, se ouver alguem extraordinariamente rico, como nosso amigo Bill Gates. Outra coisa que confunde muito as pessoas, eh saber que socialismo e comunismo nao sao a mesma coisa, e que comunismo mesmo nunca existiu, entao nao ha um lugar para mandar os comunistas que dizem o que pensam. Fidel eh um ditador e matou muitas pessoas, como tal, mas a ditadura e a forma como governa nao eh ser comunista. Um bom exemplo pouco lembrado qdo se fala em um caminho para chegar ao comunismo foi o governo de Lenin. Nao Stalin, Lenin. E gostaria de lembrar que aqui no Brasil existiu durante mto tempo tbm uma ditadura capitalista que matou tantou qto ele. O problema seria entao o capitalismo/comunismo, ou a ditadura? Sabe, gosto muito do site, mas achei que nesse texto faltou um pouco de embasamento.

Anônimo disse...

Concordo com a Juh! O texto não focaliza a crítica.

Sobre o regime capitalista, quero deixar expressado que ao visitar um site de RH, me espantei com clareza dos propósitos da empresa: o site estava decorado com a foto de uma testa, que tinha estampado um código de barras. Ou seja, é a própria dignidade pessoal transformada num valor de troca...
Quando penso nisso, me sinto sufocada e irritada...

O Bill Gates é um cara inteligentíssimo e sem o capitalismo, não poderia realizar maravilhas tecnológicas pra humanidade. Mas a questão é que ele e alguns outros, concentram trilhares de riquezas, pensam apenas em lucro, enquanto bilhares são famintos e sobrevivem das esmolas filantropicas.

Vou me expor ao perigo de ser linchada, mas também acho que pra uma população sem instrução, sem verdadeira capacidade de avaliar situções, cabe o autoritarismo, a ditadura.

Pessoas como nós, que sabem observar o sistema de uma forma mais clara, acham a ditadura incabível, como muitos cidadãos de Cuba...

Mas pensem bem nisso: Cuba é completamente capaz de se abrir pra esse regime burguês com excelente desempenho, graças a política do Castro...

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